Angola vai gastar quase 71 milhões por dia com o serviço da dívida
Angola vai gastar quase 71 milhões de euros por dia com o serviço da dívida pública em 2018, conforme prevê a proposta de lei do Orçamento Geral do Estado
Angola vai gastar quase 71 milhões de euros por dia com o serviço da dívida pública em 2018, conforme prevê a proposta de lei do Orçamento Geral do Estado (OGE), entregue na sexta-feira na Assembleia Nacional.
De acordo com o documento, entre despesas totais de 9,685 biliões de kwanzas (49,4 mil milhões de euros), o Governo prevê gastar 52,38 por cento desse valor, equivalente a 5,073 biliões de kwanzas (25,9 mil milhões de euros) só com a rubrica “Operações De Dívida Pública”, ou quase 71 milhões de euros por dia.
Em causa estão sobretudo operações com dívida pública interna – que já este ano levaram o Estado angolano a pagar quase 24% de juros para títulos do Tesouro -, enquanto as operações da dívida pública externa representam 19,73% do total, equivalente neste caso a 1,911 biliões de kwanzas (9.758 milhões de euros).
Para todo o ano de 2018, o Governo angolano orçamentou 3,63% da despesa pública para o setor da Saúde, com 351 mil milhões de kwanzas (1.793 milhões de euros), e 5,41% para os gastos com a Edução, equivalente a 524 mil milhões de kwanzas (2.676 milhões de euros).
Estado angolano prevê endividar-se
No plano das receitas, o Estado angolano prevê endividar-se em 5,254 biliões de kwanzas (26,9 mil milhões de euros), no ano de 2018, o equivalente a 22% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo Governo, de acordo com relatório de fundamentação que acompanha a proposta de OGE para o próximo ano.
Este volume de endividamento corresponde a 1,100 biliões (milhões de milhões) de kwanzas (5,6 mil milhões de euros) de necessidades líquidas de financiamento, nomeadamente para cobrir o défice de 2,9% do PIB estimado para 2018, no valor de 697,4 mil milhões de kwanzas (3.560 milhões de euros), e para aquisição de ativos financeiros, por 403,4 mil milhões de kwanzas (2.068 milhões de euros).
Acrescem 4,153 biliões de kwanzas (21,3 mil milhões de euros) que Angola necessitará para garantir amortizações de dívida, interna e externa, durante todo o ano de 2018.
De acordo com o documento, até julho de 2017, o stock da dívida governamental – com exceção da contraída pelas empresas públicas – estava avaliada em 9,970 biliões de kwanzas (51,1 mil milhões de euros), correspondendo a 59,84% do PIB.
“A dívida do país mantém-se solúvel a prazo. Todavia, a política fiscal experimenta um contexto de ‘stress’ no curto prazo, demandando-se um processo comprometido e consistente de consolidação fiscal e das finanças públicas, incluindo um aprofundamento institucional em sede da cadeia de valor das finanças públicas, desde o ciclo orçamental à gestão de tesouraria”, lê-se no documento.
Na proposta de OGE, cuja votação final no parlamento deverá acontecer até 15 de fevereiro, o Governo angolano estima despesas e receitas de 9,685 biliões de kwanzas (49,4 mil milhões de euros) e um crescimento económico de 4,9% do PIB.
Trata-se do primeiro OGE que João Lourenço, empossado a 26 de setembro como terceiro Presidente da República e líder do Governo, leva ao Parlamento, depois de 38 anos de liderança em Angola a cargo de José Eduardo dos Santos.
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