Centro Óptico já investiu 38 milhões de euros em Angola e quer virar-se para exportação

Com dez anos de atividade, uma fábrica recém-inaugurada e quase 30 lojas, o Centro Óptico investiu já um total de 35 mil milhões de kwanzas em Angola e avalia agora oportunidades para exportar para os países vizinhos.

Centro Óptico já investiu 38 milhões de euros em Angola e quer virar-se para exportação

Em entrevista à Lusa, o empresário luso-angolano e fundador da marca, Amyn Habib, nascido em Moçambique, decidiu deixar Portugal e vir para Angola em 2006 em busca de oportunidades de negócios.

Começou por estar ligado ao mobiliário, “que já era tradição da família” até que um professor lhe despertou o interesse para o potencial do setor da ótica, confirmando com um estudo de mercado, em 2012, que valia a pena apostar em Angola, onde havia “uma grande carência”

Na altura, “as óticas trabalhavam como farmácias e aviavam óculos”, com preços muito altos e de má qualidade, disse o empresário.

Decidiu então desenvolver a marca e o conceito do Centro Óptico, com uma estratégia direcionada para “democratizar o acesso aos óculos com preços baixos e qualidade para fazer a diferença no mercado” com lojas especializadas e atendimento personalizado

A primeira abriu em 2014, no centro de Luanda, e rapidamente ficou sem capacidade de resposta para o número de clientes.

O Centro Óptico foi expandindo a sua rede e a 29.ª loja foi inaugurada esta semana, estando atualmente presente em metade das 18 províncias angolanas, tendo já investido um total equivalente a 38 milhões de euros.

Começaram por recrutar portugueses e foram formando angolanos, empregando atualmente cerca de 500 trabalhadores, cada vez com mais nacionais, salientou Amyn Habib, acrescentando que os especialistas na área são ainda insuficientes.

Em dez anos, o investimento na rede de lojas Centro Óptico e na marca de audiologia Audioclinic ascende já a 25 mil milhões de kwanzas (26,78 milhões de euros), adiantou o empresário.

A este valor, acresce o investimento de mais de 8 mil milhões de kwanzas (cerca de 9 milhões de euros) na primeira fábrica de lentes oftálmicas da região da África Central e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), que foi inaugurada em janeiro.

Segundo Amyn Habib, a fábrica veio ajudar a reduzir substancialmente o tempo de entrega do produto ao cliente e a poupar custos com os transportes e taxas alfandegárias.

A fabrica está preparada para produzir cem lentes por hora e poderá receber ainda este ano, uma segunda linha de produção para otimização do processo.

“É um fator importante para abrirmos ao mercado externo”, realçou o administrador do Centro Óptico, referindo que a empresa está atenta às oportunidades de exportação, mas quer garantir primeiro a capacidade de produção para o mercado interno.

“Acredito que até ao início do próximo ano estaremos aptos para exportar”, destacou, salientando que já foram feitos estudos de mercado em países vizinhos como a República Democrática do Congo e outros países da região com ligações aéreas diretas a Angola.

“Para todos os sítios onde a TAAG [companhia aérea angolana] viaja há muitas oportunidades”, disse Amyn Habib, apontando vantagens como o menor custo e facilidade de transportes, já que são produtos leves e com volume reduzido.

O empresário afirmou ainda que, apesar das dificuldades económicas dos angolanos, o Centro Optico aumentou a faturação no ano passado em 40% face a 2022 e já no primeiro trimestre deste ano voltou a crescer mais de 40% em termos homólogos.

“Estamos a crescer por duas razões, uma por que estamos a crescer em termos de número de lojas e o segundo fator é que a moeda desvalorizou, mas muitas coisas acabaram por não aumentar, como as lentes, estamos a absorver esses custos graças a abertura da fábrica que permitiu não aumentamos os preços”, realçou, lembrando que a estratégia continua a ser o facil acesso aos cuidados de saúde visual.

Além disso, assinalou, há cada vez mais esta necessidade: “Fazemos milhares de rastreios por ano, fazemos mais de 100 mil consultas por ano nas nossas lojas, as pessoas estão conscientes e percebem que os problemas de visão afetam os estudos, o trabalho, a condução”, exemplificou.

Em dez anos passaram pelo Centro Óptico dois milhões de clientes.

Além dos angolanos terem problemas visuais agravados por fatores locais como a incidência da luz solar e os raios UV, tornam-se também mais comuns outros problemas associados ao uso de tecnologia.

Amyn Habib destacou as oportunidades, mas admite também algumas dificuldades no mercado, como os pagamentos a fornecedores devido à desvalorização da moeda e falta de mão-de-obra qualificada.

“Penso que é importante o país apostar na formação, não temos formação técnica nem de nível superior na área dos cuidados de saúde visual”, referiu o administrador, lamentando a falta de oftalmologistas e optometristas, sobretudo nas províncias.

 *** Raquel Rio (texto) e Ampe Rogério (fotos), da agência Lusa ***  

RCR // VM

By Impala News / Lusa

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