Cinco institutos reveem em baixa crescimento do PIB alemão para 0,1% em 2025

Os cinco principais institutos económicos alemães baixaram as previsões para 2025 para uma quase estagnação da economia alemã, com um crescimento de 0,1%, devido às tensões geopolíticas e ao protecionismo do Presidente norte-americano, foi hoje anunciado.

Cinco institutos reveem em baixa crescimento do PIB alemão para 0,1% em 2025

Numa análise conjunta publicada hoje, os cinco institutos adiantam que para 2026, mantêm a previsão de um aumento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.

Nas previsões de outono, os institutos ainda esperavam uma recuperação, ainda que fraca de 0,8% em 2025, depois de a Alemanha ter fechado 2024 em recessão pelo segundo ano consecutivo.

Segundo Torsten Schmidt, chefe de investigação económica do RWI – Leibniz Institute for Economic Research, “as tensões geopolíticas e a política comercial protecionista dos Estados Unidos estão a agravar a já tensa situação económica na Alemanha”.

“Além disso, as empresas alemãs estão a enfrentar uma maior concorrência internacional, especialmente da China. Por último, as deficiências estruturais, como a falta de mão-de-obra qualificada e os elevados obstáculos burocráticos, estão a dificultar o crescimento”, acrescenta.

O responsável recorda que o Bundestag e o Bundesrat – a câmara baixa e a câmara alta do Parlamento alemão – alteraram o regime financeiro para criar uma margem para a contratação de empréstimos públicos para a defesa e as infraestruturas, embora não seja claro como será utilizada.

Os institutos esperam que haja um atraso relativamente longo e que quase não haja fundos adicionais para a defesa e o investimento este ano, pelo que só se concretizarão no próximo ano, mas, ao mesmo tempo, consideram provável que não sejam tomadas as medidas de consolidação que seriam necessárias sem a alteração da constituição financeira, alertam.

Até 2026, os institutos contam com uma despesa adicional de cerca de 24.000 milhões de euros a partir destes dois instrumentos recém-criados, o que dará um impulso expansionista ao PIB de cerca de 0,5 pontos percentuais.

Assim, os recursos provenientes desta margem de endividamento adicional terão possivelmente um efeito expansionista gradual, mas ameaçam afastar o consumo privado e o investimento privado.

Entretanto, as tarifas norte-americanas de 25% sobre as importações de alumínio, aço e veículos são suscetíveis de reduzir o crescimento do PIB este ano e no próximo ano em 0,1 pontos percentuais, respetivamente.

As tarifas adicionais anunciadas em 02 de abril, para cuja aplicação Trump anunciou na quarta-feira uma pausa de 90 dias, poderão duplicar os efeitos negativos, ou seja, traduzir-se numa redução do crescimento de duas décimas de ponto percentual.

No entanto, salientam os institutos, os efeitos concretos são difíceis de quantificar, uma vez que as taxas aduaneiras nunca foram tão elevadas na atual estrutura económica globalizada.

As exportações serão afetadas por estas medidas, sobretudo nos meses de verão, ou seja, no segundo e terceiro trimestres, acrescentam.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, a situação deteriorou-se acentuadamente, com o número de desempregados a aumentar 20%, ou em mais de 400.000, desde 2022 e a taxa de desemprego a passar de 5,3% naquele ano para uma taxa prevista de 6,3% em 2025.

Os institutos estimam um aumento do desemprego nos próximos meses, que só voltará a baixar quando a situação económica melhorar no decurso de 2026, para uma taxa prevista de 6,2%.

A situação do mercado de trabalho, bem como a diminuição das perspetivas de rendimento, com um aumento do rendimento real de 0,2% este ano e de 0,6% no próximo ano, depois de um crescimento significativo em 2024, irão pesar sobre o consumo privado, acompanhadas por uma diminuição relativamente fraca da propensão para a poupança.

Para 2025, os institutos preveem uma inflação de 2,2% e de 2,1% para 2026, embora haja algum risco de que as tarifas que a UE possa impor aos EUA aumentem a pressão sobre os preços.

MC // JNM

By Impala News / Lusa

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