Portugueses compraram mais presentes de Natal mas gastaram menos
Em 2020, 30% dos portugueses fez exclusivamente compras online para o Natal (6,1% em 2019), de acordo com estudo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM).
Em 2020, quase um terço dos portugueses (30%) fez compras online de Natal, muito acima dos 6,1% em 2019. A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) sobre os hábitos dos portugueses face às compras de Natal que, este ano, registou alterações acentuadas no comportamento do consumidor.
Ainda assim, os portugueses gastaram, em média, 374 euros nas compras de Natal, valor não muito diferente quando comparado com os 385 euros de 2019.
Mais compras online, mas por valores cada vez mais baixos
“Quando analisada a variação dos valores gastos ao longo dos anos em compras de Natal, verifica-se uma oscilação significativa. Em 2009, os portugueses previam gastar 490 euros, mas, 11 anos depois, este valor diminuiu consideravelmente, fruto da conjuntura socioeconómica”, afirma Mafalda Ferreira, docente do IPAM e coordenadora deste estudo. “Como resultado da pandemia e provável crise económica dos próximos tempos, estes resultados não surgem como estranhos, nomeadamente no caso do aumento acentuado das compras exclusivamente online. Os portugueses estão com sentimentos negativos face ao consumo, que se acentuaram nesta época natalícia, e estes valores são um reflexo disso”, acrescenta a responsável.
Para compreender a situação financeira das famílias, o IPAM procurou também saber se os portugueses iriam receber subsídio de Natal e concluiu que 28% dos inquiridos não o receberá nesta altura, o que terá impacto negativo no comportamento face ao consumo nesta quadra. Dos que receberam subsídio de Natal, 15,6% despendeu entre 51% a 75% desta quantia extra em compras; 5,8% gastou a totalidade do subsídio e 8% poupou este valor.
Cortes nos presentes para amigos e familiares
Procurando analisar a situação de 2020 relativamente ao quadro do ano anterior, foi solicitado aos inquiridos que comparassem o valor que gastaram este ano, com o valor gasto em 2019, sendo que 17% referiu que em 2020 gastou valores inferiores aos de 2019. De destacar que 75% dos inquiridos gastou o mesmo que no ano anterior, o que remete, apesar de tudo, para uma estabilidade no comportamento do consumidor em 2020. Os inquiridos que gastaram um valor inferior efetuaram cortes nas compras para amigos e familiares.
Quanto aos destinatários dos presentes de Natal, as crianças foram privilegiadas nos agregados familiares com filhos (55% dos inquiridos), em 100% dos casos analisados neste estudo. De referir ainda que, em 75% dos casos, compraram-se presentes para o cônjuge e, em 62%, para os pais, irmãos e outros familiares. Apenas 30% dos inquiridos comprou prendas para amigos.
O que compraram os portugueses no Natal
Relativamente aos produtos comprados, para as crianças até aos 12 anos as prendas preferidas foram brinquedos (48%), seguidas de roupas e de sapatos (20%) e livros (8%). Para os adolescentes (entre os 12 e os 18 anos) as escolhas recaíram na roupa e nos sapatos (32,1%), em jogos eletrónicos (16%) e em acessórios (8%). Para os adultos, a opção mais escolhida para os presentes de natal foram roupa e sapatos (30%), seguida de acessórios (21%) e de livros (16%).
Quanto ao local para a realização de compras, o número de inquiridos que optou pelos centros comerciais (20%) é superior ao de quem escolheu os centros comerciais e o comércio de rua (10%), sendo que a pandemia trouxe uma alteração profunda dos locais de compra, com 30% dos inquiridos a fazer exclusivamente compras online.
Quando fizeram as compras natalícias e porquê
O estudo do IPAM verificou ainda que 63% dos inquiridos efetuou as compras durante o mês de dezembro e que, quem comprou antecipadamente, fê-lo para evitar a concentração de pessoas e para garantir a entrega dos produtos comprados online.
Este estudo do IPAM que caracteriza o comportamento dos consumidores face às compras de Natal foi realizado pelo 12.º ano consecutivo, o que possibilita uma análise detalhada das principais alterações nos hábitos de consumo. Num ano atípico como 2020, de acordo com esta análise, a perceção da população portuguesa sobre o Natal é, sobretudo, negativa, não sendo de admirar que a situação pandémica tenha impactado os hábitos de consumo, dando origem aos resultados mais distintos dos últimos 10 anos.
Ficha Técnica do Estudo
O estudo foi realizado pelo IPAM, sob a coordenação da Professora Mafalda Ferreira, coordenadora da Pós-Graduação Consumer Insights do IPAM, doutorada em Psicologia Social pela Universidade de Cádiz. A análise teve lugar entre 27 de novembro e 9 de dezembro de 2020, com amostra composta por 470 indivíduos, maiores de 18 anos, com as seguintes características: 6,5% da amostra da classe social A, 33% da B, 18% da C1, 35,9% da C2 e 6,6% da D. Todos os inquéritos foram administrados exclusivamente online.
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