Pelas 9 da manhã, vários lojistas ultimavam os preparativos para a tão desejada reabertura, depois de cerca de três meses fechados, na sequência de um segundo confinamento decretado em janeiro, face ao aumento do número de covid-19.

Para o diretor geral do Ubbo, Tiago Santos Pereira, o dia está a ser vivido com “alegria”, “serenidade” e a “confiança” de que os clientes vão sentir-se seguros para voltar a frequentar espaços como os centros comerciais.

“Temos, obviamente, aquilo que é esperado, o reforço de limpeza e de segurança, para garantir não só o distanciamento social, mas também garantir que as casas de banho têm sempre em permanência alguém que as está a limpar, juntamente com outras zonas do centro onde existem pontos de contacto, temos informação em todas as entradas através de monitores que permitem às pessoas saber, em cada momento, a percentagem que está ou não a ser ocupada e isso permite adotar comportamentos, tanto para os clientes como para nós”, destaca o responsável de um dos maiores centros comerciais da Península Ibérica.

Tiago Santos Pereira acredita que as pessoas estão, este ano, menos receosas de voltar a frequentar centros comerciais, comparativamente ao que aconteceu depois do primeiro confinamento, no ano passado.

“Todos os receios são menores, não por falta de respeito ou de considerar que a situação não é grave, mas no sentido de perceber que há segurança e saber como se comportar e como agir em ambientes que têm mais pessoas. E, portanto, acho que vão ter menos receio de sair e vão aderir. Até porque, de facto, as pessoas estão muito cansadas, saturadas de estar em casa”, aponta.

Quanto a lojas que já não vão reabrir, o diretor geral do Ubbo diz que há talvez “menos duas, ou três”, fruto da não renovação de contratos. Mas, por outro lado, abriram duas novas lojas no centro e estão previstas novas aberturas para os próximos meses. “É a dinâmica normal de um centro comercial”, refere.

O Ubbo tem, atualmente, capacidade para receber no máximo 6.245 pessoas ao mesmo tempo e, pelas 11h00 a capacidade estava nos 32%, conforme era possível ver nos vários ecrãs espalhados pelo centro.

Conforme explica o presidente executivo (CEO) do Gato Preto, Joaquim Pássaro, marca portuguesa de artigos para o lar e decoração, os preparativos para a reabertura começaram há duas semanas, para preparar sinalética, higienização dos produtos e garantir que tudo se vai processar mediante as regras definidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Pensamos que existe um trabalho a fazer em termos de demonstrar aos nossos clientes que é seguro vir ao Gato Preto e que é seguro vir aos centros comerciais. Penso que, tendo em conta todas as medidas de segurança que estão a ser tomadas e se as pessoas também tiverem comportamento cívico, com uso de máscara, respeito pela lotação das lojas, penso que é um local que, de alguma forma, é seguro frequentar”, defende o responsável.

Joaquim Pássaro lamenta, no entanto, que o horário de funcionamento das lojas aos fins de semana esteja ainda reduzido a apenas três horas, entre as 10h00 e as 13h00, o que considera ter um “efeito perverso”, devido à concentração de pessoas que pode causar.

Esta é também a posição defendida pela supervisora de vendas da região de Lisboa da marca portuguesa de vestuário Salsa, Filipa Vaz. “Efetivamente, ao fim de semana, se tivéssemos um horário mais prolongado, se calhar não teríamos tanta concentração de pessoas como poderá vir a haver, mas estamos cá para controlar o acesso às lojas e as medidas que o Governo decretou”, afirma.

Segundo Filipa Vaz, os trabalhadores estão “muito motivados” e “alegres” com a reabertura das lojas, tendo vindo a preparar-se há algum tempo para este dia.

“Voltou toda a gente em pleno. Felizmente, nunca estivemos em lay off, estivemos sempre dinâmicos com as equipas, houve muita coisa que se perdeu efetivamente nestes tempos em termos de faturação, mas também houve muita coisa que conseguimos conquistar, que, se estivéssemos abertos e em tempos normais, não teríamos conseguido, como, por exemplo, formações. Aproveitámos para dar muitas formações”, explica a responsável.

Pronta para a “confusão”, Fernanda Saragoça chegou ao centro comercial pelas 09h30, com o objetivo de “aproveitar a folguinha” para comprar a prenda de anos da filha. “As pessoas estão saturadas. Estão cansadas, e também estavam ansiosas para que isto tudo abrisse. É complicado para todos nós”, diz.

Questionada sobre os receios de voltar a frequentar espaços deste género, Fernanda Saragoça é perentória. “Se formos nos transportes públicos está bem pior. Se formos ao supermercado as coisas também são complicadas. E se andarmos com medo, nem saímos de casa”, diz.

“Temos de viver a vida um dia de cada vez e termos sempre precaução – desinfeção das mãos, uso da máscara – e é o que fazemos no nosso dia a dia”, acrescenta.

As lojas dos centros comerciais tiveram autorização do Governo para reabrir nesta segunda-feira, no âmbito da terceira fase do plano gradual de desconfinamento, sendo que, até agora, tinham apenas aberto as lojas de bens essenciais, como supermercados, e as que tiveram autorização para reabrir em fases anteriores do plano, como cabeleireiros.

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