Apenas 15 em cada 100 empresas portuguesas pagam no prazo
Apenas 15 em cada 100 empresas portuguesas pagam aos seus fornecedores dentro dos prazos acordados, enquanto duas em cada três empresas no país pagam com um atraso até 30 dias, refere um estudo da Informa D&B hoje divulgado.
De acordo com o trabalho “Como pagam as empresas em Portugal”, a percentagem de companhias no país que pagam aos fornecedores nas datas acordadas constitui “o pior registo” numa década, sendo que a “situação se tem agravado” com Portugal “afastar-se ainda mais” da média europeia, que melhorou de 39,1% em 2016 para 41,7% no final de 2017.
As empresas em Portugal entre 2016 e 2017 que pagavam aos fornecedores na data acordada representavam 16,1% e 19,5% do total, pelo que se assistiu a um agravamento da situação, quando comparada com a média europeia no mesmo período em análises.
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Embora duas em cada três empresas em Portugal pagassem com um atraso até 30 dias, a percentagem daquelas que pagavam com atrasos superiores a 30 dias registou “uma redução significativa”, tendo passado de mais 30% em 2007 para 19% em 2017.
Ainda segundo o estudo, “o atraso nos pagamentos das empresas portuguesas é um fenómeno comum a todos os setores de atividade, dimensão de empresas e regiões do país, apesar de em 2013 ter sido transposta para a legislação portuguesa uma diretiva europeia com o objetivo de proteger as empresas, em especial as pequenas e médias empresas (PME), contra os atrasos sistemáticos nos pagamentos nas transações comerciais”.
De acordo com os dados internacionais do “Payment Study 2018” elaborado pela CRIBIS D&B (colaboração da Informa D&B para Portugal) relativos a 2017, que comparam o comportamento de pagamentos em 32 países, 24 da Europa e 12 do resto do mundo, Portugal “é o país com o pior registo, abaixo de Israel, com apenas 17,4% de empresas cumpridoras dos prazos de pagamento, Bulgária, com 22,7%, e China, com 27,1%”.
A lista dos países com mais empresas a pagar dentro dos prazos é liderada pela Dinamarca, com 88,4%, Polónia (75,5%) e Rússia (70,9%).
Os principais parceiros comerciais internacionais de Portugal registam níveis mais elevados de cumprimento das datas de pagamento, facto que “não influencia a melhoria dos comportamentos de pagamento das empresas em Portugal”, segundo o estudo.
A dimensão das empresas é uma das variáveis onde se observam diferenças nos comportamentos de pagamento e, apesar das baixas percentagens de cumprimento de prazos serem transversais às empresas de todas as dimensões, são as micro (17,5%) e as pequenas empresas (14,8%) que se revelam mais cumpridoras.
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Já entre as grandes empresas, apenas 4% pagam dentro dos prazos, embora tenham prazos de pagamento mais curtos (menos 48 dias do que as microempresas).
Em Portugal, as empresas das regiões Norte, Centro e Algarve são as mais cumpridoras. De entre as piores pagadoras estão empresas da Área Metropolitana de Lisboa, do Alentejo e dos Açores.
No âmbito setorial, os baixos níveis de cumprimento das datas de pagamento “são generalizados” a todos os setores.
Nos setores do alojamento e restauração e transportes, menos de 10% das empresas cumprem os prazos de pagamento acordados e todos os setores concentram mais de metade das empresas na categoria dos atrasos até 30 dias.
Os atrasos nos prazos de pagamento têm consequências negativas para a vida das empresas, ao nível da liquidez, litigância e risco de ‘failure’ (indicador da Informa D&B, que mede a probabilidade de uma entidade cessar atividade nos próximos 12 meses com dívidas por liquidar e que não corresponde necessariamente a um processo de insolvência).
O estudo permitiu concluir que das empresas com menor liquidez apenas 13,7% paga dentro dos prazos, contrastando com os 21,2% das empresas com maior liquidez.
Em termos de litigância, 62% das empresas que pagam com atrasos superiores a 90 dias apresentam casos de litigância e 85% das empresas que cumprem os prazos acordados não têm ações judiciais.
O estudo “Payment Study 2017” foi elaborado pela CRIBIS D&B em colaboração com a Informa D&B para Portugal, reportando-se ao período de 2007 a 2017.
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