Europa e Portugal vão ter de ganhar escala nas comunicações

O secretário-geral da Apritel, Pedro Mota Soares, defende, em declarações à Lusa, que a Europa e Portugal vão ter de ganhar escala, nomeadamente nas comunicações eletrónicas, o que é fundamental para o crescimento económico.

Europa e Portugal vão ter de ganhar escala nas comunicações

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O Conselho de Estado reúne-se hoje com a participação do antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi, para analisar as perspetivas e desafios da União Europeia.

“A Europa e Portugal vão ter de ganhar escala, nós temos de ter ganhos de escala para salvaguardar a sustentabilidade do investimento, muito especialmente no setor das comunicações eletrónicas, que é fundamental para todo o outro crescimento económico”, afirma Pedro Mota Soares.

Até porque “o crescimento vai ser muito assente no digital, sem infraestrutura digital nós não conseguiremos ter este crescimento económico de que a Europa precisa”, considera o secretário-geral da associação dos operadores de telecomunicações, que recorda que o relatório de Draghi sobre a competitividade europeia é “muito claro sobre esta matéria”.

Ou seja, “temos de ganhar escala, temos de contrariar fragmentação no setor para conseguir salvaguardar o investimento que vai continuar a ser feito”, afirma.

Os operadores de comunicações eletrónicas em Portugal investiram “10 mil milhões de euros nos últimos anos” e no último ano o total “foi 1,6 mil milhões de euros” para garantir que “temos qualidade e temos coberturas em todo o país”, diz.

Comparativamente a outros mercados, Portugal “é sempre dos países com maior capacidade e qualidade nas infraestruturas”, com mais de 95% do país coberto com redes de nova geração “e estes 10 mil milhões de euros permitiram ao país velocidade, resiliência e segurança nas redes”, reforça.

“Tivemos um crescimento de mais de 100% do tráfego nas redes de comunicações na última década, o número de serviços aumentou 30% e isso é um sinal muito claro sobre a capacidade e qualidade das redes que em Portugal estão ao nível do melhor da Europa”, sendo que o problema é que “neste período também tivemos uma queda das receitas retalhistas e a receita média de cada um dos serviços caiu” significativamente.

A preocupação agora, diz, é com o investimento futuro no setor e a garantia da sua capacidade e qualidade.

Entre 2010 e 2022, a receita diminuiu e, no seu relatório, Draghi diz “que a diminuição da rentabilidade no setor das comunicações eletrónicas pode ser um risco para as empresas industriais que precisam desta mesma infraestrutura para digitalizar as suas cadeias de produção”, avançando com medidas “muito concretas” para se ultrapassar isto, recorda.

Uma delas, por exemplo, “é a questão de duplicar a duração das taxas de espectro”. São medidas “muito concretas para garantirem que a Europa pode ganhar sustentabilidade no seu investimento” e assim também “crescer do ponto de vista económico”, pelo que a vinda de Draghi “a Portugal é uma oportunidade muito importante para nós refletirmos sobre isto”, reforça.

“Portugal é um dos países em que os operadores de comunicações eletrónicas mais investem ao nível europeu. O investimento em Portugal no último triénio é de cerca de 24%, quando o nível europeu é de cerca de 20% e isto, como é óbvio, põe-nos uma questão que é exatamente a do relatório de Draghi e que será falado também, calculo eu, no Conselho de Estado, a propósito da competitividade da Europa e da competitividade de Portugal”, salienta.

A digitalização, a ‘cloud’, a inteligência artificial (IA), “tudo isso só existe em cima de redes de comunicações”.

Por isso, se “não tivermos capacidade de gerar investimento nessa mesma infraestrutura, tudo o resto fica posto em causa”, adverte, recordando o alerta de Draghi.

“Tendo menos investimento na Europa, quer no digital, quer nas infraestruturas, a Europa pode ficar ainda mais para trás e isso seria muito indesejável”, remata.

ALU // CSJ

By Impala News / Lusa

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