Portugueses ainda poupam a comprar em Espanha mas diferença de preço é menor
Os preços mais atrativos continuam a levar portugueses a atravessar a fronteira para fazer compras em supermercados espanhóis, mas a diferença tem-se esbatido e é sentida apenas em alguns produtos, como os de higiene ou detergentes, disseram à Lusa vários consumidores.
Os preços mais atrativos continuam a levar portugueses a atravessar a fronteira para fazer compras em supermercados espanhóis, mas a diferença tem-se esbatido e é sentida apenas em alguns produtos, como os de higiene ou detergentes, disseram à Lusa vários consumidores.
Se a ida a um supermercado ainda gera alguma poupança aos portugueses que a Lusa encontrou junto a uma grande superfície de Ayamonte, no sul de Espanha, separada do leste algarvio pelo rio Guadiana, o mesma já não acontece com os combustíveis, cujos preços são atualmente próximos dos praticados em Portugal, assinalaram.
“Alguns produtos realmente compensam”
“Há alguns produtos que realmente compensam, basta só lembrarmo-nos que o IVA em Espanha é menor que em Portugal. Se me falar na generalidade, eu direi que sim, que vale a pena vir aqui”, afirmou Luís Sampaio de Carvalho, sublinhando que o preço do combustível está “muito igualado” desde que, a 31 de dezembro, o Governo espanhol acabou com o subsídio temporário de 20 cêntimos por litro concedido aos consumidores.
Quanto às compras em supermercado, Luis Sampaio de Carvalho considera que há determinados produtos, “mais de limpeza, por exemplo, produtos para as máquinas de lavar, que são mais baratos do que em Portugal”, tendência que também pode ser verificada, segundo este consumidor, no peixe.
Armando Rodrigues disse à equipa de reportagem da Lusa que costuma “comprar muitas coisas em Espanha, porque algumas coisas têm qualidade e preço” e “há produtos de marca” que “compensa comprar”. “Posso dar o exemplo de produtos de higiene, por exemplo, que são muito bons e têm um preço mais acessível do que em Portugal”, afirmou, considerando que a poupança “deve rondar os 10%” se estas compras forem feitas em Espanha.
“A única coisa que compensa a sério é o gás”
Após o fim do subsídio por litro de combustível atribuído pelo Governo espanhol, a deslocação de portugueses ao outro lado da fronteira “já não é tanto” pelo combustível, “que está equivalente” ao preço praticado em Portugal, “mas na área alimentar, na área de produtos de higiene”, já que Espanha “tem muita qualidade e tem os preços mais baixos”, considerou. Desde então, “a única coisa que compensa a sério é o gás”, cuja botija “custa 10 a 12 euros mais barato” do que em Portugal, sublinhou Armando Rodrigues.
Por seu turno, Pedro Vicente, de Castro Verde, contou à Lusa que, de dois em dois meses, percorre os cerca de 100 quilómetros até à fronteira para fazer compras em Espanha, movimento que “compensa” por “o combustível também estar mais em conta” e haver produtos que podem ser mais baratos, como as “massas, os óleos, arroz, grão, feijão, os detergentes, iogurtes e leite, para os miúdos”. “Nisto tudo, naquele e nestes dois carrinhos [de supermercado], se calhar poupamos aqui 100 a 120 euros, ou mais”, quantificou a mesma fonte.
Já Eliana Gonçalves, que reside do outro lado do rio, em Castro Marim, disse à Lusa que “alguns [produtos] compensam”, mas frisou que, na atualidade, a diferença para os preços praticados em Portugal não é tão significativa e a deslocação a Espanha serve para passear e adquirir produtos de marcas de que gosta. “Às vezes não é só o preço, é a marca, mas não. Não compensa tudo. Neste momento, não”, afirmou, sinalizando também os “detergentes” ou os “champôs” como a “parte que mais compensa” comprar em Espanha.
O casal Maria Carmo e Custódio Mestre também considerou que a “diferença dos preços já não é muita” e a visita a Ayamonte serve sobretudo para adquirir produtos que encontra em Espanha e não em Portugal. “Deve haver três meses, talvez, que não vinha buscar coisas cá”, reconheceu Custódio Mestre, que levava no carrinho um presunto inteiro e um saco de ração para cão, produto que também “já não compensa, porque é um saco de 18 quilos e é quase o mesmo preço” do que em Portugal, exemplificou.
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