Presidente da RTP acusa Governo de dever 4 milhões e teme degradação da grelha de programas
O presidente da RTP afirmou hoje que a empresa conta atualmente com uma situação “de não aumento das receitas”, já que o Orçamento do Estado para 2022 não prevê o aumento da contribuição para o audiovisual (CAV).
“No exercício do ano passado estava contemplado uma verba de dois milhões de euros que acabou por não acontecer, apesar de estar inscrita quer no orçamento da RTP, quer no próprio Orçamento do Estado”, disse o presidente do Conselho de Administração, Nicolau Santos, na comissão parlamentar de Cultura e Comunicação, no âmbito de um requerimento apresentado pelo grupo parlamentar do PS sobre o Centro Regional dos Açores. “Para este ano, quando fizemos o orçamento para o próximo tínhamos inscrito de n.ovo essa verba de dois milhões de euros, foi-nos dito por parte do Ministério das Finanças para elevarmos essa verba para quatro milhões de euros, porque o Estado estaria disponível para fazer essa transferência relativamente a esse valor”, prosseguiu.
Sem dinheiro, solução é “degradar a grelha da RTP”
No entanto, “ao que sabemos relativamente à proposta que deu entrada neste momento na Assembleia República não está contemplado de todo nem quatro milhões, nem dois milhões, não está contemplada nenhuma verba para reforço do capital da RTP e, obviamente, esse dinheiro não resolveria todos os problemas, mas ajudaria a resolver alguns, tanto mais que também não está contemplado o aumento da CAV, não estão contempladas as questões de inflação relativamente a esses dinheiros que têm sido transferidos para a RTP”, apontou.
Por isso, “neste momento contamos com uma situação que é de não aumento das receitas, quer por via da CAV, quer por outras vias, para a RTP para o ano de 2022, o que torna mais difícil obviamente todo este exercício, porque se nós queremos renovar o quadro pessoal, fazer contratações, fazer reenquadramentos e se não temos aumentos de receitas, então daqui o que resulta é que só poderemos ir à grelha e degradar a grelha da RTP para nesse quadro poder acomodar o que se está a fazer em matéria de recursos humanos”, afirmou. Nicolau Santos defendeu a valorização dos recursos humanos da RTP, que considerou “estratégica”. “Grande parte dos problemas da RTP passa pela valorização dos recursos humanos. Não há empresas felizes com trabalhadores infelizes”, rematou. Sobre o acervo documental do Centro Regional dos Açores, quer do acervo documental em geral da RTP, o presidente disse estar consciente da sua importância, mas admitiu que é um trabalho lento, que é de passar muitas horas de imagem e de áudio para suportes atuais.
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