Primeiro fundo público de Macau disponível para investidores da Grande Baía
O primeiro fundo do mundo denominado somente em patacas, lançado há seis meses em Macau, passou este mês a estar disponível aos investidores de toda a região da Grande Baía, indicou à Lusa o presidente da empresa gestora
Num balanço ao primeiro semestre de operações na região semiautónoma, o responsável da empresa gestora do A&P Macau Patacas Fundo de Tesouraria, Bernardo Tavares Alves, notou que o fundo atingiu 200 milhões de patacas (23,9 milhões de euros), cerca de 1.500 investidores e uma taxa de retorno bruta de 3,86%.
“Foi um sucesso conseguirmos demonstrar não só aos investidores que era possível a pataca ter um retorno bastante superior àquilo que existe nos depósitos bancários, e, nesse sentido, foi uma prova de que tínhamos razão, [que] a pataca pode ser uma moeda de investimento e não só apenas uma moeda transacional”, disse o fundador e presidente da A&P Sociedade Gestora de Fundos de Investimento.
Trata-se de um fundo público aberto que tem como objetivo de investimento a aplicação em instrumentos do mercado monetário de elevada qualidade e em depósitos bancários de curto prazo.
Inicialmente dirigido à população local, tornou-se também este mês o “primeiro fundo público de Macau a ser estabelecido e vendido” na área da Grande Baía, no que Bernardo Tavares Alves considera ser um “marco importante” para o desenvolvimento do mercado financeiro da região semiautónoma.
A Grande Baía é um projeto de Pequim para criar uma metrópole mundial que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong (Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing), região com cerca de 86 milhões de habitantes e com um produto interno bruto (PIB) superior a um bilião de euros, semelhante ao PIB de Austrália, Indonésia ou México, países que integram o G20.
A entrada neste mercado gigante acontece através do programa Southbond Wealth Management Connect, que permite aos investidores daquela área do interior da China terem acesso a produtos financeiros nas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong.
O fundo integra um pacote de produtos oferecidos pelo Banco da China, instituição depositária do A&P Macau Patacas Fundo de Tesouraria.
A quota total é de 150 mil milhões de yuan (17,9 mil milhões de euros), partilhada entre Hong Kong e Macau, sendo que um investidor individual pode usar uma quota de três milhões (358 mil euros), explicou Tavares Alves.
O responsável considera também que a iniciativa passa também por “tentar perceber qual é a recetividade dos residentes da Grande Baía para com a pataca e para investir num mercado” como o de Macau.
“É um mercado interbancário, portanto algo bastante seguro. Parece-me um passo certo para tentar explorar esse novo mercado [da Grande Baía]”, assumiu.
Quando o fundo foi lançado, em 02 de julho, Bernardo Tavares Alves disse à Lusa que um dos objetivos passava por “tentar redefinir a relação do capital” em Macau.
“Nós temos que desenvolver este mercado, já que o Governo diz que nós temos que diversificar a economia e, no sistema financeiro, esta parte de fundos realmente não foi tocada”, acrescentou na altura.
Com uma economia profundamente dependente da indústria do jogo, as autoridades de Macau selecionaram vários setores, incluindo o financeiro, para diversificar as receitas dos cofres públicos.
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By Impala News / Lusa
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