É mais caro viver em Portugal ou nos Estados Unidos da América?
Os custos em Portugal com combustível, gás, eletricidade e impostos são dos mais altos da Europa, ultrapassando até países como os Estados Unidos da América.
Portugal está no topo dos países cujo custo dos combustíveis é dos mais elevados da Europa. De acordo com a Global Petrol Prices, estamos em oitavo lugar na lista dos países onde a gasolina é mais cara. À nossa frente encontramos apenas Noruega (1.º), Países Baixos, Islândia, Grécia, Itália, Dinamarca e Suécia. Comparando com os Estados Unidos da América (66 cêntimos por litro), abastecer no nosso país custa mais do dobro: 1,47 euros por litro. O preço dos combustíveis é importante porque esse valor reflete-se nos transportes – de mercadorias e de pessoas, por exemplo –, o que impulsiona o preço dos bens mais essenciais. Mas há mais.
Eletricidade em Portugal é a 4.ª mais cara do Mundo
Não é só em relação aos EUA que Portugal fica a perder. Com o preço da eletricidade, as assimetrias são ainda mais acentuadas. Portugal é o quarto país do Mundo onde a eletricidade é mais cara. Apenas na Alemanha, na Dinamarca e na Bélgica a população paga uma fatura mais elevada ao fim do mês. Contudo, nestes países, o ordenado mínimo é substancialmente mais elevado do que em Portugal. No que se refere aos impostos, também nos mantemos nos lugares cimeiros. Ocupamos a quarta posição das taxas de IVA mais altas da União Europeia, 23%. Em primeiro lugar está a Hungria, com o IVA mais elevado no espaço comunitário europeu (27%). Em último (a taxa mais reduzida) está o Luxemburgo (17%).
IRS e IRC (Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas)
De acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgado no final do ano passado, Portugal tem a a oitava taxa de IRC mais elevada. As empresas pagam uma taxa nominal de 21%. A primeira posição do ranking é ocupada pela Índia e a última pela Hungria. Segundo a Deloitte, consultora portuguesa responsável por estudos financeiros nacionais e internacionais, Portugal tem um número de escalões de IRS semelhante ao de outros países. Mas no que diz respeito a taxas, apenas a Suécia nos ultrapassa. O IRS para 2019 tem sete escalões. Começam com 14,5% para rendimentos anuais até 7.091 euros, fixando-se num máximo de 48% para quem ganha mais de 80.640 euros por ano. No levantamento realizado pela Deloitte, apenas na Suécia a taxa mais alta supera a portuguesa.
Salário mínimo mais baixo da Europa ‘evoluída’
Em Portugal, o salário mínimo é de 600 euros (3,4 euros por hora). Apesar dos aumentos nos últimos anos, continua a ser o mais baixo, se comparado com a Grécia (650 euros). Ou com a Espanha (900 euros). De acordo com o Eurostat, gabinete de estatísticas da União Europeia, é no Luxemburgo que se aufere o salário mínimo mais elevado a nível europeu (1.998,59 euros). Holanda (1.615 euros), Irlanda (1.563,25 euros), que também atravessou um período de austeridade, França (1.522 euros) e Alemanha (1.498 euros) evidenciam a disparidade face a Portugal
Nos EUA paga-se o dobro e vai pagar-se o quadruplo
Nos Estados Unidos, o ordenado mínimo varia de Estado para Estado. Embora haja a determinação legislada – desde 2009 – de um mínimo de 7,25 dólares (6,42 euros) por hora, 30 dos 50 estados praticam valores muito superiores. Califórnia e Nova Iorque, por exemplo, têm em progresso o aumento gradual do valor mínimo horário que atingirá os 15 dólares (13,29 euros) em 2022. Contas feitas, nos 20 Estados da América de Trump que pagam pior (os tais 7,25 dólares por hora) o salário mínimo equivale a 1.276 dólares. Ou seja: 1.130,26 euros mensais, quase o dobro do que no nosso país. Na Califórnia e em Nova Iorque, o salário mais baixo permitido em 2022 será de 2.640 dólares (2337,98 euros). Quase quatro vezes mais do que os 660 euros de cá…
Automóveis e transportes públicos mais caros
O Eurostat avança ainda que os custos de combustíveis, eletricidade, transportes públicos ou compra de automóveis é mais elevado em Portugal do que no Luxemburgo, país com o salário mínimo mais elevado. A compra de um carro novo custa mais 37% no nosso país do que no Luxemburgo, bem como a gasolina (mais cara 27%) ou nos transportes públicos, onde pagamos mais 17% do que na cidade mais cara daquele país. Ainda que os novos passes sejam bastante mais baixos para os utilizadores, o restante acaba por ser pago em impostos cobrados a todos os contribuintes (mesmo os que não andam de transportes públicos), depois entregues, em compensações, às empresas de transportes.
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