Turismo será fundamental para evolução da atividade e do emprego
O Banco de Portugal destacou hoje o “contributo importante” das exportações de turismo para a evolução da atividade e emprego e para a manutenção da capacidade de financiamento da economia.
A análise da evolução recente do setor turístico em Portugal é o tema em destaque do Boletim Económico do BdP de dezembro, hoje divulgado e no qual a instituição piorou as projeções de crescimento de Portugal, prevendo que o PIB cresça 2,1% em 2018 e 1,8% em 2019 — contra as previsões do Governo de crescimento de 2,3% em 2018 e 2,2% em 2019 — e prossiga depois para os 1,7% em 2020 e 1,6% em 2021.
Segundo o BdP, o desempenho de Portugal tem sido superior ao do mundo e ao da Europa do Sul/Mediterrânea, sendo que o aumento da insegurança em destinos concorrentes poderá explicar parte deste dinamismo, mas também a “melhoria da perceção da qualidade do serviço oferecido” pelo país.
Assim, sinaliza o BdP no documento, “existe a evidência de alterações estruturais no setor que deverão continuar a sustentar um crescimento forte do horizonte de projeção” (2018-20), entre eles a diversificação da proveniência de turistas estrangeiros, a distribuição geográfica mais abrangente dos turistas no território nacional e os sinais de uma menor sazonalidade dos indicadores.
Do lado da oferta, o banco central destaca o “forte aumento da capacidade de alojamento turístico e da presença de companhias aéreas de baixo custo no mercado português”.
Assim, conclui a instituição liderada por Carlos Costa, embora existam desafios, a comparação internacional indica margem “para um crescimento das exportações de turismo superior ao da atividade no horizonte de projeção, baseados nas vantagens comparativas da economia portuguesa neste setor”.
As projeções deste boletim apontam assim para a manutenção de um crescimento relativamente forte das exportações de Turismo nos próximos anos, superior ao projetado para o total das exportações de bens e serviços e para o PIB, mas inferior ao registado em 2017.
“As perspetivas para as exportações portuguesas de Turismo estão ancoradas nas vantagens comparativas da economia portuguesa neste setor e na margem de crescimento existente. Estas perspetivas positivas estão, no entanto, sujeitas a incerteza e riscos”, refere.
Por um lado, continua, a atividade turística tem uma elevada sensibilidade ao ciclo económico global, pelo que uma deterioração das perspetivas de crescimento mundial terá certamente impacto neste setor.
Por outro lado, acrescenta, a recuperação da atividade turística em destinos concorrentes, que competem essencialmente na vertente preço, também poderá afetar negativamente as exportações portuguesas de Turismo.
Há ainda, de acordo com o BdP, riscos de hostilidade por parte dos habitantes locais, a considerar, que poderão conduzir à deterioração da experiência turística e à degradação do património natural, cultural e histórico.
“Neste quadro, mantém-se a necessidade de uma melhor distribuição do turismo não residente ao longo do ano e em termos regionais. Os progressos realizados nestas áreas deverão ser aprofundados de forma a evitar potenciais efeitos de congestão na época alta ou de subutilização de infraestruturas na época baixa, bem como o impacto negativo da sazonalidade sobre o mercado de trabalho, onde contribui para aumentar o emprego temporário e precário”, refere.
Não obstante este esforço de redução da sazonalidade, indica ainda o BdP, o investimento em infraestruturas de transporte e outras facilidades turísticas não deve ser descurado, evitando a criação de estrangulamentos.
O quadro regulatório do setor deve permitir o desenvolvimento ordenado de novos modelos de negócio, nomeadamente associados a novas tecnologias, finaliza.
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