Universidade revê em baixa previsão para crescimento económico de Macau

A Universidade de Macau (UM) reviu hoje em baixa a previsão para o crescimento económico da região, em parte devido ao potencial impacto na confiança dos turistas chineses das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Universidade revê em baixa previsão para crescimento económico de Macau

O Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da UM preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) do território suba 6,8%, menos 1,1 pontos percentuais do que na anterior previsão, feita em janeiro.

O coordenador do projeto e economista Kwan Fung disse que a revisão em baixa se deve ao declínio no consumo dos visitantes e às “tarifas norte-americanas sobre o mundo”, algo que “tem impacto indireto na economia de Macau”.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira uma suspensão de 90 dias daquilo a que chamou de “tarifas recíprocas”, incluindo uma tarifa-base de 10% para todos os países, exceto para a China, a que impôs tarifas totais de 125%.

Em declarações à imprensa antes da divulgação da nova previsão, Kwan disse que as tarifas vão “afetar o crescimento de todas as economias, especialmente o consumo dos turistas da China continental”.

O professor do Departamento de Economia da UM recordou que a economia da região semiautónoma chinesa depende “sobretudo do número de turistas do continente e do seu consumo”.

Nos primeiros dois meses de 2025, Macau recebeu 6,79 milhões de visitantes, o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano, sendo que a esmagadora maioria (91,3%) veio da China continental ou da vizinha cidade de Hong Kong.

No entanto, os turistas estão a gastar menos. De acordo com estimativas oficiais, as despesas dos visitantes caíram 6%, em termos anuais, no terceiro trimestre de 2024, e recuaram 0,2% no quarto trimestre.

O investigador do Centro de Estudos de Macau da UM Chan Chi Shing alertou que as tarifas terão um “enorme impacto na economia chinesa” e podem obrigar muitas fábricas e empresas a fechar portas, o que levaria menos pessoas a visitar a região.

Mas o presidente da Associação Económica de Macau, Joey Lao Chi Ngai, defendeu a previsão de um crescimento de 6,8% é “demasiado otimista” e que a economia local poderá mesmo não crescer em 2025.

Kwan Fung admitiu que é muito difícil fazer previsões, face às mudanças súbitas tomadas por Trump.

“Talvez não haja mais tarifas alfandegárias na próxima semana”, disse o académico.

O PIB de Macau cresceu 8,8% em 2024, sobretudo devido ao benefício económico das apostas feitas por visitantes em casinos.

A previsão da UM para este ano aponta para um aumento de 6,8% no benefício económico de todo o setor dos serviços, que inclui o turismo e o jogo, e uma subida de 3,8% no consumo privado.

Com a China – de longe o principal parceiro comercial de Macau – a cair em deflação (queda anual dos preços ao consumidor) em março, pelo segundo mês consecutivo, a universidade acredita que a taxa de inflação na região deverá manter-se baixa, em 0,7%.

Os especialistas da UM preveem que Macau termine 2025 com uma taxa de desemprego de 1,7%, muito perto do mínimo histórico de 1,6%, atingido entre novembro e janeiro.

O relatório prevê ainda que as receitas públicas atinjam 116,8 mil milhões de patacas (13,52 mil milhões de euros), mais 0,5% do que o previsto pelo Governo de Macau no orçamento para este ano.

 

JW/VQ // VM

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By Impala News / Lusa

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