Extração mineira deu 16,9 ME para projetos das comunidades em Moçambique

O Estado moçambicano transferiu 1.159 milhões de meticais (16,9 milhões de euros) em 2024 para programas de desenvolvimento das comunidades com recursos obtidos da extração mineira e petrolífera, segundo dados oficiais consultados hoje pela Lusa.

Extração mineira deu 16,9 ME para projetos das comunidades em Moçambique

De acordo com os dados do Governo da execução orçamental de 2024 foi transferida a totalidade das verbas previstas para o nível provincial e distrital, de 840,3 milhões de meticais (12,2 milhões de euros) e 318,7 milhões de meticais (4,7 milhões de euros), correspondentes a 7,25% e 2,75%, respetivamente, de receitas provenientes de produção mineira e petrolífera para a implementação de projetos estruturantes e programas destinados ao desenvolvimento das comunidades.

Moçambique passou em 2023 a destinar 10% das receitas dos impostos decorrentes da produção mineira e petrolífera para projetos estruturantes nas províncias e para o apoio às comunidades locais.

A medida foi determinada por um decreto que reconhece a “necessidade de regulamentar os critérios de alocação e gestão da percentagem das receitas destinadas ao desenvolvimento das províncias, distritos e comunidades locais onde se implementam empreendimentos de exploração mineira e petrolífera”.

O decreto define que 7,25% da receita arrecadada com o Imposto sobre a Produção Mineira e com o Imposto sobre a Produção de Petróleo será destinada à província e distritos, “nomeadamente para projetos estruturantes”, e 2,75% para as “comunidades locais”.

Das transferências destinadas às províncias (7,25%), Manica foi a que mais recebeu em 2024, um total de 258,8 milhões de meticais (3,8 milhões de euros), seguida da Zambézia, com 170,9 milhões de meticais (2,5 milhões de euros), e de Cabo Delgado, com 152,7 milhões de meticais (2,2 milhões de euros).

Nas transferências de nível distrital (2,75%), a comunidade de Nyamanhumbir, no distrito de Montepuez, foi a que mais recebeu, segundo o documento, com financiamento 21,1 milhões de meticais (306 mil euros) em 2024 para projetos locais, resultante da exploração de rubis naquela comunidade da província de Cabo Delgado.

Já para a comunidade de Benga, distrito de Moatize, refere o relatório, foram transferidos 11,4 milhões de meticais (166 mil euros), uma área de exploração de carvão na província de Tete.

Por “projetos estruturantes” o Governo moçambicano entende “os que dinamizam o setor produtivo, visando o desenvolvimento coletivo de uma determinada região”, da responsabilidade das autoridades provinciais, sendo “elegíveis para financiamento” os relacionados com educação técnico-profissional, saúde, agricultura, incluindo infraestruturas de apoio a produção, represas e regadios, ainda indústria, comércio e pescas, infraestruturas de interesse social e económico, nomeadamente de ordenamento territorial, estradas, pontes e eletrificação, água e saneamento, entre outros.

Já o financiamento dos projetos concebidos e selecionados para apoiar as comunidades locais devem resultar da coordenação do Conselho Consultivo Local, “segundo princípios de transparência, participação e relevância para o Plano de Desenvolvimento do Distrito”.

Os projetos envolvem áreas como educação, na construção de salas de aulas e respetivo apetrechamento, na formação técnico-profissional, na saúde, com alpendres comunitários e respetivo apetrechamento, na agropecuária, com regadios comunitários, criação e tratamento de animais, aquacultura e represas.

Os projetos podem ainda ser lançadas nas pescas e infraestruturas pesqueiras, na silvicultura, através da dinamização de florestas comunitárias, bem como estradas, pontes e meios de transporte, nomeadamente pequenas embarcações, de interesse estritamente comunitário, e no setor da água e saneamento.

 

PVJ // SB

By Impala News / Lusa

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