Governo moçambicano diz que “não é normal” usar balas reais para travar protestos

O ministro da Justiça moçambicano, Mateus Saize, disse que “não é normal” o uso de balas reais para conter protestos, indicando que o Governo trabalha para “criar condições” para travar os tumultos que continuam a acontecer.

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“O Governo tem trabalhado no sentido de criar um mecanismo para conter as manifestações, agora não é normal que se usem balas verdadeiras, o normal é balas de borracha, gás lacrimogéneo para dispersar as massas”, declarou o ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Mateus Saize, citado hoje pela comunicação social.

Pelo menos 16 pessoas foram baleadas em 05 de março entre os apoiantes que acompanhavam uma passeata liderada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane na capital de Moçambique, Maputo, avançou a Plataforma Decide.

Entre os baleados estão duas crianças e um membro da caravana do Venâncio Mondlane, declarou à Lusa Wilker Dias, diretor da Plataforma Decide, organização não-governamental (ONG) que acompanha os processos eleitorais.

“O Governo está a criar condições para que, havendo essas situações de tumultos, possa usar estes meios”, acrescentou o ministro Mateus Saize.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse em 24 de fevereiro que vai combater as manifestações pós-eleitorais e assegurar a independência e soberania do país.

“Tal como estamos a combater o terrorismo e há jovens que estão a derramar sangue para a integridade territorial de Moçambique, para a soberania de Moçambique, para manter a nossa independência, aqui em Cabo Delgado, mesmo se for para jorrar sangue para defender essa pátria contra as manifestações, vamos jorrar sangue”, disse o Presidente moçambicano.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

 

PME(EAC) // JMC

By Impala News / Lusa

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