Jovens guineenses vão ter formação no Brasil para melhorar produção de caju

Entre 30 a 50 jovens guineenses vão receber capacitação técnica na produção de caju na cidade brasileira de Fortaleza, no Ceará, em maio, numa iniciativa do Instituto Brasil-África, disse hoje o presidente desta instituição.

Jovens guineenses vão ter formação no Brasil para melhorar produção de caju

João Bosco Monte, que se encontra em Bissau, onde foi recebido pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse aos jornalistas, no final do encontro, que o grupo deverá partir em meados de maio para uma formação de 15 dias.

O caju é o principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau.

“Durante duas semanas, os jovens da Guiné-Bissau receberão treinamento na indústria produtiva do caju no Brasil, retornam depois para a Guiné-Bissau com uma mais-valia destacada nessa indústria”, declarou Monte Bosco.

Desde 2017 que o Instituto Brasil África desenvolve um programa de capacitação técnica de jovens africanos e este ano decidiu incluir a Guiné-Bissau no projeto, decisão que Monte comunicou hoje a Sissoco Embaló.

É a primeira vez que a Guiné-Bissau é incluída no programa, que este ano conta com o apoio do Governo brasileiro e financiamento do Governo dos Emirados Árabes Unidos, “dentro de uma agenda de cooperação triangular sul-sul”, disse o presidente do Instituto Brasil-África.

João Bosco Monte adiantou que a viagem dos jovens guineenses deverá acontecer entre os dias 12 ou 15 de maio para o que considerou ser uma “experiência importante para a Guiné-Bissau” e “intercâmbio e troca de conhecimentos com o Brasil”.

“Disse ao Presidente que a Guiné-Bissau é um país importante, faz parte do conjunto de países da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] e o Brasil confere atenção a essa relação de amizade que nós queremos que traga benefício para o desenvolvimento económico do país”, enfatizou Bosco Monte.

O presidente do Instituto Brasil-África afirmou que Sissoco Embaló “recebeu da melhor maneira possível” a iniciativa da sua organização.

Dados oficiais apontam que a Guiné-Bissau produz, anualmente, cerca de 300 mil toneladas de castanha de caju e exporta cerca de 200 mil toneladas.

O restante é consumido localmente ou vendido em contrabando para países vizinhos.

Em março, Bosco Monte disse à Lusa que, além da Guiné-Bissau, o instituto irá proporcionar formação a 50 jovens angolanos na indústria do cacau, no âmbito do programa ‘Youth Technical Training Program’ (YTTP).

O responsável referiu então que o setor do caju enfrenta na Guiné-Bissau “desafios significativos, como a baixa adoção de tecnologias modernas, a dependência de exportações de matéria-prima com pouco valor agregado e a necessidade de maior eficiência em toda a cadeia produtiva”.

De acordo com o presidente do instituto Brasil-África, o país africano utiliza, na maioria das vezes, “métodos tradicionais, o que reduz a eficiência produtiva e mantém a economia dependente da exportação de matéria-prima em estado bruto”, salientando que a formação decorrerá no estado do Ceará, principal produtor de castanha de caju no país.

Os 50 jovens guineenses serão capacitados em todas as etapas da produção através do acesso a “conhecimentos técnicos avançados, abrangendo boas práticas agrícolas, modernização do processamento e estratégias para agregar valor ao produto”, disse.

Na opinião de João Bosco Monte, a qualificação da mão-de-obra neste setor agrícola guineense vai possibilitar ao país acrescentar valor ao produto final e aumentar assim a sua competitividade no mercado global.

O objetivo do Instituto Brasil-África é o de capacitar 1.000 jovens africanos até o final de 2026 e, segundo o seu presidente, países como “Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são exemplos de países que apresentam grande potencial para receber futuras edições do programa”.

MB // MLL

Lusa/Fim

By Impala News / Lusa

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