Cirurgia a Marcelo Rebelo de Sousa evita «inflamação potencialmente fatal»

«Emergência cirúrgica» dá-se porque «o intestino ou outro órgão pode entrar necrose, causando inflamação potencialmente fatal da cavidade abdominal», que «pode ser fatal».

Cirurgia a Marcelo Rebelo de Sousa evita «inflamação potencialmente fatal»

Marcelo Rebelo de Sousa foi internado de urgência ao final da manhã desta quinta-feira, 28 de dezembro. De acordo com nota publicada no site da Presidência, esta ida à unidade hospitalar estava já agenda há algum tempo. No entanto, os médicos que acompanham Marcelo decidiram interná-lo para ser submetido a uma operação a uma hérnia umbilical.

Marcelo Rebelo de Sousa cancelou a agenda até dia 1 de janeiro

O Chefe de Estado cancelou assim toda a agenda para o dia de hoje, bem como para os próximos dias, até 1 de janeiro, pelo menos, conforme se lê no comunicado.

Esta «emergência cirúrgica» dá-se por que «o intestino ou outro órgão pode entrar em fase de necrose, causando uma inflamação potencialmente fatal da cavidade abdominal», que «pode ser fatal».

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Até ao final do dia de hoje, será ainda emitido o boletim clínico que dará conta do estado de saúde do Presidente da República.

O que é e que perigos traz uma hérnia umbilical

Uma hérnia umbilical, ou abdominal, corresponde a uma zona de fraqueza da parede abdominal que permite que parte do intestino ou de outro órgão da cavidade abdominal faça saliência para o exterior.

As hérnias umbilicais são uma das formas comuns de hérnia abdominal, bem como as hérnias inguinais, que ocorrem na zona da virilha. A hérnia umbilical, de modo geral, é inofensiva. É mais frequente nas crianças, mas também pode afectar os adultos.

Algumas estimativas sugerem que cerca de 10% das crianças apresentam hérnia umbilical. No caso da criança, a hérnia umbilical torna-se mais visível durante o choro.

Grande parte destas hérnias encerra durante o primeiro ano de vida, embora possam demorar mais tempo. Quando a hérnia não encerra até aos três anos, ou quando aparece na idade adulta, a cirurgia é importante para evitar complicações.

As hérnias umbilicais tendem a ser mais frequentes em bebés prematuros ou com baixo peso ao nascer e afectam em igual percentagem ambos os géneros, embora alguns estudos indiquem uma maior prevalência no género feminino. No caso do adulto, a hérnia umbilical é mais frequente em mulheres com idade entre os 50 e os 70 anos.

Quais as causas da hérnia umbilical?

Durante a gravidez, o cordão umbilical passa através de uma pequena abertura dos músculos abdominais e essa abertura, de um modo geral, encerra logo após o nascimento. Se os músculos não se unirem de um modo completo na linha média do abdómen, cria-se uma zona de fraqueza que permite a formação da hérnia umbilical no momento do nascimento ou mais tarde.

No adulto, as causas mais comuns são as que provocam um aumento da pressão abdominal: obesidade, a gravidez, sobretudo a gravidez múltipla, actividades como levantar pesos, a tosse crónica (que ocorre em doenças como a fibrose quística ou as infecções crónicas dos pulmões), a obstipação e a realização de cirurgia abdominal.

Como se manifesta?

A hérnia umbilical manifesta-se pela presença de uma saliência mole próxima do umbigo. O choro, a tosse ou outros esforços tornam a saliência mais evidente e, inversamente, ela reduz-se quando a criança está deitada ou está mais calma. Na infância, a hérnia umbilical tende a ser indolor. No adulto, pode causar desconforto abdominal.

As complicações são raras nas crianças e resultam do encarceramento do conteúdo da hérnia que torna impossível a sua reinserção na cavidade abdominal. Esse encarceramento reduz o fluxo sanguíneo do segmento de intestino afectado causando dor umbilical e lesão dos tecidos.

Quando o fluxo sanguíneo está completamente interrompido, estamos perante uma hérnia estrangulada que, se não for tratada, causará morte dos tecidos, com infecção que se estende a todo o abdómen e que pode ser fatal.

No adulto, o risco de encarceramento é mais elevado

Se o fluxo sanguíneo ficar interrompido, ocorre estrangulamento que se manifesta por dor, náuseas, vómitos e paragem dos movimentos intestinais com obstipação. Nesse caso, a pele sobre a hérnia fica vermelha, com sinais inflamatórios marcados. Pode ocorrer febre.

Uma hérnia estrangulada é uma emergência cirúrgica porque o intestino ou outro órgão pode entrar em fase de necrose, causando uma inflamação potencialmente fatal da cavidade abdominal, designada por peritonite.

Como se diagnostica a hérnia umbilical

Para lá do exame médico, a radiografia simples do abdómen pode ser muito útil. A ecografia e a tomografia axial computorizada são exames muito importantes para este diagnóstico.

Como se trata

Como se referiu, a maioria das hérnias umbilicais na criança encerra antes dos 18 meses. A cirurgia na criança está indicada se a hérnia é dolorosa, se apresenta um diâmetro superior a 1,5 cm, se não diminui de dimensões após 6 a 12 meses, se não desaparece até aos 3 anos ou se ocorre encarceramento.

No adulto, a cirurgia permite evitar complicações, sobretudo se a hérnia tende a tornar-se maior ou se é dolorosa. A cirurgia realizada designa-se por herniorrafia e corresponde ao encerramento da zona de fraqueza da parede muscular. Quando essa zona é extensa, utilizam-se materiais sintéticos que reforçam as estruturas enfraquecidas.

As recaídas são raras

Não é possível prevenir a hérnia umbilical que ocorre após o nascimento. No adulto, a prevenção passa pelo uso de uma postura adequada sempre que se levantam pesos, pela manutenção de um peso saudável e pela manutenção de um normal trânsito intestinal, evitando a obstipação mediante uma boa ingestão de fluidos e de fibras e evitando reter durante demasiado tempo o estímulo para evacuar os intestinos.

O exercício físico regular é igualmente importante, ajudando a reforçar os músculos abdominais e controlando o peso.

Fontes: Foundation for Medical Education and Research, Maio de 2012; Boston Children’s Hospital, 2013; Health Central, 2012; U.S. Department of Health and Human Services, National Institutes of Health, Março de 2013

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