Medo do insucesso escolar leva cada vez mais alunos a perturbações nervosas

A época de exames é crítico. Nos últimos anos, os estudantes foram considerados grupo de risco para quadro depressivo por causa do medo do insucesso.

A época de exames é o momento propício à presença de quadros de ansiedade. Nos últimos anos, os estudantes foram considerados um grupo de risco para o desenvolvimento de doenças mentais, como a depressão. O medo do insucesso escolar obriga os jovens a ultrapassar os seus limites físicos e emocionais. O problema do medo do insucesso é ainda pouco explorado. Existem poucos estudos em Portugal que permitam perceber os fatores que estão na origem destes distúrbios.

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Porém, a pressão por parte dos familiares e professores, bem como as expetativas pessoais e sociais são variáveis que possuem um papel determinante. A ansiedade – provocada pelo medo do insucesso – é visível ao nível do rendimento escolar dos alunos. Os bons resultados académicos deixam de ser uma das prioridades. A ansiedade dá lugar a desmaios e a idas ao hospital.

Os pais deixam de pedir e passam a exigir. O mercado de trabalho encontra-se saturado, devido aos problemas sociais, económicos e políticos associados, e procura apenas os melhores. O Curriculum Vitae é a nova bíblia sagrada e os alunos têm de sair da faculdade com um percurso de mestre.

Afinal, qual é o preço para ser bem-sucedido?

Estudos internacionais realizados nos últimos anos, e reunidos pela Ordem dos Psicólogos, revelam que o número de doenças psicológicas tem aumentado. Para se ter uma maior perceção desta realidade, numa turma de 30 alunos cerca de seis sofrem de problemas do foro psicológico. Será que a ansiedade escolar sempre foi um problema presente, mas oculto, ou os tempos atuais trouxeram algo que fez desabrochar esta problemática?

Cármen Rodrigues, psicóloga

Cármen Rodrigues, psicóloga clínica há 20 anos, responde a esta questão. «As perturbações nervosas sempre existiram, mas não eram devidamente exploradas. Hoje em dia, é diferente. Há mais informação, os professores têm maior contacto com o serviço de psicologia, há maior alerta para os sinais desta problemática.» Com trabalho desenvolvido em escolas, é na interação com os alunos, durante as consultas, que a especialista se apercebe de que a ansiedade tem forte presença no ambiente escolar.

Questionada pelas mudanças que os alunos têm vindo a apresentar com o passar dos anos, a psicóloga considera que «nestes quadros existem vários fatores em jogo». «Os alunos, há 15 anos, estavam num contexto socioeconómico diferente. Se havia problemas de ansiedade, estes não eram detetados, porque não existia sensibilização para o papel do psicólogo nestas situações. Os números poderiam não estar claros, porque não havia recursos, mas existia ansiedade.»

A crise económica refletiu-se na mudança de comportamento: as pessoas ficaram mais apreensivas e com mais medo do insucesso

em Portugal, o consumo de antidepressivos e estabilizadores de humor aumentou 17%
Em Portugal, o consumo de antidepressivos e estabilizadores de humor aumentou 17%

O constante processo de desenvolvimento da sociedade leva ao aparecimento de fatores que apresentam um papel preponderante na vida das pessoas. As alterações socioeconómicas do País são um claro exemplo da importância que a sociedade tem na estruturação e desenvolvimento da estabilidade psíquica do ser humano. A realidade que Portugal atravessou deixou marcas em muitos portugueses.

De acordo com a psicóloga, a crise económica refletiu-se na mudança de comportamento. As pessoas ficaram mais apreensivas e com mais receio do futuro. E a competição, por sua vez, também entrou de forma mais clara na vida de todos, contribuindo para a exponenciação dos níveis de ansiedade. Segundo a consultora IMS Health, em 2010, ano marcado pela forte presença da crise económica em Portugal, o consumo de antidepressivos e de estabilizadores de humor aumentou 17%.

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O frágil ambiente económico proporcionou um aumento de problemas sociais. As pessoas começaram a não saber lidar com os obstáculos e entraram numa espiral depressiva. De acordo com a Ordem dos Psicólogos, estes ambientes colocam as pessoas à prova, na medida em que muitos são os que perdem empregos, alteram as rotinas e fazem contorcionismo com o orçamento familiar. Nem todos possuem bagagem emocional capaz de lidar com a mudança. A exigência tornou-se realidade presente não só no mercado de trabalho, mas também no ensino.

«Comecei a tremer e a sentir o coração muito acelerado»

Rodrigo Nogueira, de 20 anos, sofre de perturbações de ansiedade desde cedo. O estudante universitário afirma que o stress sempre fez parte dele. Reconhece, porém, que foi no secundário que aumentaram os episódios de nervosismo, levando-o a ataques de pânico. «Foi um bocado estranho. Comecei a tremer imenso, a ficar com frio e a sentir o coração acelerado. De repente, só me lembro de desatar a chorar desalmadamente.» É desta forma que descreve o primeiro ataque de pânico, provocado pela ansiedade escolar, o medo do insucesso. Tinha apenas 17 anos e frequentava o 11.º ano.

Sentia-se ansioso com o teste de Físico-química que ia ter no dia seguinte. Como era uma disciplina de que gostava a que, por norma, tinha boa nota, a pressão para manter um bom resultado era grande. Rodrigo considera que é muitas vezes transparecida a ideia de que uma pessoa para ser bem-sucedida tem de ter desde cedo os seus objetivos de vida traçados. Como se de um guião se tratasse. É o saber «para onde quero, como poderei alcançar». Desta forma, é dada margem de erro muito pequena aos alunos e a pressão torna-se presença assídua. Os especialistas afirmam que o próprio sistema educativo leva ao aparecimento de doenças psicológicas.

«Os próprios professores exercem esta pressão, ao estarem constantemente a alertarem os alunos para os exames nacionais. Eu tornei-me muito mais stressado a partir do décimo ano», confirma Rodrigo. «A questão da média, a pressão para entrar no curso que queria e na universidade que queria começaram a ser preocupações frequentes», afirma o estudante.

«As relações sociais acabam por ser atropeladas»

«O secundário é um nível académico mais exigente e, fruto dessa instância, vinca mais a questão da falta de tempo entre os jovens. O tempo de lazer e de família, que é transversal a qualquer ciclo de ensino», diagnostica Cármen Rodrigues. A psicóloga acrescenta ainda que «as relações sociais acabam por ser atropeladas e podem ter forte projeção quando não são amadurecidas». Os alunos estão sob enorme pressão, têm rotinas de estudo muito vincadas.

O investimento académico é maior, assim como a necessidade de apresentar bons resultados. Esta pressão é exigida não só pelo próprio nível de estudos, mas também pelos professores, que vêem o seu trabalho refletido nos rankings das escolas. Tudo isto somado leva a quadros de ansiedade que, não tratados, ascendem a outros níveis. Rodrigo é exemplo dessa evolução dos níveis de ansiedade. Com a entrada na universidade, o estudante viu os episódios de stress e nervosismo a aumentarem.

«Estava na sala de aula e de, de repente, comecei a sentir frio, a tremer e a ver flashs. Apaguei»

O segundo ataque de pânico que Rodrigo sofreu ocorreu em novembro de 2016 e teve proporções maiores. «Durante a semana, tinha estado sempre muito nervoso e preocupado com a cadeira de Biofísica, porque tinha tido 10 na primeira frequência. «Tinha medo de chumbar à cadeira. Lembro-me de estar na sala de aula e de, de repente, começar a sentir muito frio, a tremer e a ver flashs. Depois, apaguei. Não me lembro de mais nada.» O jovem explica que nessa semana ia ter três testes, andava bastante cansado e estava sempre a estudar.

Apesar de não ter memória nítida do momento, recorda-se de acordar deitado no chão, junto à porta da sala de aula, e de ver os colegas à sua volta juntamente com a professora. Foi transportado de imediato pelo INEM para o hospital, onde permaneceu internado durante uma semana. «Os médicos dizem que a convulsão estaria associada ao cansaço», afirma o jovem.

O medo do insucesso escolar e a ansiedade «fazem parte da minha personalidade»

Passados alguns meses desde o episódio, o estudante teceu algumas considerações relativamente a este problema, pois acredita que é um dos muitos exemplos de quadros de ansiedade presente nos jovens nos dias de hoje. «Sinto uma enorme pressão para ter boa média para ingressar num bom mestrado. A área da saúde, que é a que estudo, é muito competitiva, pois existem inúmeros cursos com grande prestígio, como Medicina, e torna-se complicado destacar o nosso trabalho.

«O meu curso (Biologia Molecular e Celular) é de apenas três anos. Desta forma, a carga horária tende a ser mais exigente, uma vez que, como não possuem mestrado integrado, existe maior exigência para reunir maior número de matéria que, em vez de ser lecionada ao longo de cinco anos, passa a ser apenas em três», critica.

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O estudante afirma que nunca sentiu necessidade de ir a um psicólogo, porque, apesar de sofrer de perturbações de ansiedade, consegue sempre retirar alguma aprendizagem dos episódios que sofre. «Depois do último ataque de pânico, comecei a reorganizar e a repensar as minhas prioridades. Não consigo ter controlo total sobre mim próprio, mas tenho momentos em que consigo desligar da faculdade.

«Dentro de uma semana, por exemplo, vou ter exames. E neste momento desliguei por completo. Não estava a aguentar.» Rodrigo conclui que não consegue viver sem a ansiedade. «Faz parte da minha personalidade.»

«Existe ainda grande tabu em torno deste assunto (a ansiedade)»

Catarina Pereira percebeu o impacto que a ansiedade estava a ter na sua vida quando, durante uma consulta de rotina, a enfermeira a alertou para a perda de peso brusca que havia registado. A jovem, com 20 anos, associou de imediato a falta de apetite ao estado emocional. Mas em conversação com a médica, percebeu que poderia estar a colocar a vida em risco. Com um 1,60 metros, Catarina pesava apenas 42 quilos.

Pelo sim pelo não, e para prevenir futuras consequências, foi internada durante uma semana. Faltou às aulas e não expôs muito a situação no círculo de amigos. «É um problema cada vez mais presente na sociedade, mas existe ainda grande tabu em torno deste assunto», refere. «Na altura, andava no nono ano e tinha de decidir que área de estudos iria prosseguir no secundário.»

Apesar de ter orientação de uma psicóloga, revela que a avaliação das aptidões «é feita de forma muito geral». Talvez por causa dessa indecisão, Catarina acabou por ir para Ciências e Tecnologias, porque era, segundo o que lhe diziam, uma área com muita saída profissional. No entanto, foi durante o secundário que percebeu que a sua vocação não passava pelos números, nem pelo rigor da Biologia e Fisico-química. À medida que o tempo passava e a matéria que considerava desinteressante se acumulava, Catarina desenvolvia cada vez mais o gosto pelas letras e utilizava-as como forma de refúgio.

Catarina descobriu a vocação pela escrita, mas frequentava a área de ciências. “Não mudei (…) por causa da pressão social de ter de terminar o secundário dentro do tempo estipulado”

«Sempre gostei de ler e de escrever, mas nunca tinha pensado em fazer disso futuro. No secundário, e ao confrontar-me com disciplinas de que não gostava, desenvolvi cada vez mais esse meu gosto», afirma. Vocação encontrada, estava na altura de mudar de rumo. Este seria o final pressuposto, mas Catarina continuou, com muito esforço e pouca motivação.

«Não mudei, porque tinha medo de começar tudo do início. Sentia também a pressão social de ter de terminar o secundário dentro do tempo estipulado. Não queria que olhassem para mim como alguém com objetivos pouco definidos.» Com medo de demonstrar um lado mais frágil, preferiu continuar na área de ciências ao longo dos três anos de secundário. Porém, o trabalho foi árduo. Tinha de se esforçar o triplo para estudar e também para obter bons resultados e entrar no curso que queria: jornalismo.

«Infelizmente, os alunos são vistos e definidos como máquinas e números»

«Infelizmente, os alunos são vistos e definidos como máquinas e números. Têm de acertar à primeira. Saber desde sempre o que querem, porque não há tempo, nem mentalidades, para lidarem com o facto de o ser humano se descobrir mediante as suas experiências», explica a estudante. A fase dos exames finais que determinariam para que curso iria foi uma altura atribulada para Catarina. «É um momento de grande nervosismo para a maioria dos estudantes, e eu não fui exceção.»

Exames feitos, só restava esperar. Pelo melhor. Mas mais uma vez foi posta à prova. Os resultados dos exames não foram suficientes para entrar na universidade que queria, no curso que queria. Tal como diz o ditado, «a vida é feita de segundas oportunidades» e Catarina conseguiu-a. Concorreu à segunda fase e cumpriu o seu objetivo. Jornalismo em Lisboa.

«Estava num momento mais tranquilo da minha vida. Finalmente, estava no que queria», recorda. Porém, a ansiedade não foi colocada de lado. A vida académica também trouxe outros tantos momentos de nervosismo e de tensão.

«Começo a tremer e entro num ciclo de pensamentos negativos»

«Continuava ansiosa em relação a tudo. As apresentações orais são um momento que me levam ao extremo. Começo a tremer e entro num ciclo de pensamentos negativos.» Em 2016, Catarina teve a primeira cadeira opcional com componente mais prática. «Só de pensar que ia ter uma cadeira intitulada Atelier de Televisão, entrava em stress. Apesar de querer experimentar, ficava receosa», declara, ilustrando o medo do insucesso.

Tal tensão impediu-a de ir à primeira aula. «Na noite anterior, não dormi. Estava constantemente a pensar na cadeira. Que não conseguiria ser bem-sucedida. Adormeci às 5 da manhã e não fui à aula no dia seguinte, com medo… Não sei explicar.» No entanto, sentiu necessidade de ir às aulas. Não por gosto, mas porque tinha medo de reprovar. Aquilo que poderia ter sido um pesadelo transformou-se numa surpresa.

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«Não percebi a minha reação. O professor era espetacular e aprendi imenso com a disciplina. Detesto este medo que tenho. Este sofrimento por antecipação que acaba por me limitar.» De forma a ultrapassar este medo que condicionava cada vez mais a sua vida, Catarina decidiu recorrer a um psicólogo do Instituto Politécnico de Lisboa. «Na maioria das sessões, trabalhei a minha confiança através de exercícios. Inicialmente, foi uma ajuda. Mas depois comecei a entrar numa rotina e as consultas já não me traziam nada de novo», lamenta Catarina.

«Este [ensino] em nada contribui para a evolução dos estudantes»

A estudante universitária tem a consciência de que este é um problema cujo controlo depende mais da sua vontade e predisposição para mudar. Porém, ressalta o papel que a sociedade não tem, e devia, no que diz respeito às perturbações de ansiedade. «O problema advém do próprio ensino, que em nada contribui para a evolução dos estudantes. Diminui a disposição e a vontade de aprender dos alunos. A escola passa a ser a última prioridade dos alunos.»

«Os cursos profissionais são vistos muitas vezes como opção de pessoas desinteressadas pelos estudos e com nível de conhecimento inferior», afirma. Esta visão presente na sociedade acaba por restringir a escolha dos alunos no momento de decisão do rumo académico. «Há muitos caminhos, pode fazer-se diversas coisas e ter sucesso. É preciso arriscar e ter coragem para enfrentar os cânones da sociedade e demonstrar que o ser bem-sucedido na vida nem sempre está enraizado no percurso básico-secundário-universidade-mestrado.»

A estudante reforça ainda que o ensino devia preparar os alunos para o que há para além das quatros paredes da sala de aula. Abrir os horizontes e mostrar que experiências como Erasmus, voluntariados e gap years também enriquecem as pessoas. A vida para lá da teoria.

Estará a sociedade preparada para responder a estes episódios de ansiedade?

Cármen Rodrigues esclarece que «as instituições de saúde, nomeadamente os hospitais, na área de psicologia, estão pejadas de pedidos». «Com esta afluência, é difícil dar resposta de qualidade porque trabalhamos a metro.» Confrontada com a situação, a psicóloga revela que, recentemente, teve de encurtar o número de pedidos de forma a poder responder com qualidade aos casos apresentados.

Assim, alerta para a necessidade de se criar uma rede de suporte maior, que dê resposta a esta quantidade de casos. Segundo afirma, existem psicólogos em centros de saúde com rácio de 3 mil utentes. «É impossível responder com qualidade nestes casos, apesar de se terem recursos. O processo de reestruturação emocional requer muito tempo, porque muitas destas perturbações são um acumular de muitos anos de ansiedade», explica Cármen Rodrigues.

«O sistema social é paradoxal. Os jovens são educados numa sociedade que se rege muitas vezes pelas máximas ‘errar é humano’ e ‘ninguém é perfeito’ e, simultaneamente, são forçados a demonstrarem a perfeição em tudo o que fazem», critica.

Perfeição: realidade ou utopia?

Desde cedo, as crianças de primeiro ciclo têm um horário muito compartimentado por atividades extracurriculares, o que leva a que haja pouco tempo para brincarem e desenvolverem a componente social. As relações sociais ficam em débito. À medida que o ciclo de ensino evolui, esse aumento de pressão para o objetivo e para a construção do projeto futuro é cada vez maior.

Filhos sem tempo para os amigos e pais sem tempo para os filhos

«As famílias estão imersas na vida profissional, o que faz com que exista pouca atenção para desenvolver atividades em família, no exterior, que envolvam interação, comunicação”, explica a psicóloga clínica.

Mas há outros fatores que também exercem influência no estado emocional dos estudantes. «Não apontando para uma perda de perspetiva dos alunos para a parte académica, a movimentação da família para o exterior à procura de melhores condições de vida também é um dos fatores que, associado a um ambiente de crise económica, coloca ainda mais os alunos sob situações de maior stress. Apesar de não ter relação direta com o ensino, pode influenciar o desempenho escolar dos alunos.»

«Não existem fórmulas para se ser confiante, mas formas»

Estes são alguns dos muitos exemplos que existem na sociedade. Tiveram os seus extremos, mas ainda não se pode dizer que Catarina e Rodrigo já ultrapassaram por completo este problema. Provavelmente, não alcançarão a cura, porque ela talvez não exista. No entanto, não deixam de frisar que cada situação permitiu-lhes arranjar métodos para saberem lidar com os momentos de maior ansiedade.

Há ainda um longo caminho a percorrer e muito para aprender. É fundamental o acompanhamento do próprio doente, não só a nível clínico, mas também familiar. Os pais constituem uma das figuras que permitem alcançar o sucesso durante o processo de tratamento.

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Cármen Rodrigues frisa que é essencial que os pais estejam atentos ao crescimento dos filhos, especialmente na fase da adolescência. Mas, mais do que estar atento, é fundamental criar espaço. Os pais devem criar espaço para os filhos: o espaço de tempo para os filhos, para o brincar, para estarem atentos, para comunicar e conversar. A maior parte dos pais não tem esta disponibilidade.

Têm uma agenda pós-laboral muito elaborada, cuja principal função é, na maioria dos casos, deslocar os filhos entre atividades extracurriculares. «Este fator reflete-se na hora familiar que se revela curta, traduzida nas horas do banho, do jantar e de deitar», conclui Cármen Rodrigues.

Texto: Jéssica Santos | WIN

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