Milhares saem à rua em Los Angeles para defender mulheres e protestar contra Trump
Milhares de manifestantes marcharam hoje pelas ruas de Los Angeles em defesa dos direitos das mulheres e em protesto contra a segunda administração de Donald Trump, na primeira Women’s March a acontecer no Dia Internacional da Mulher.

A presidente da Women’s March Foundation, Emiliana Guereca, disse que mais de 10 mil pessoas se inscreveram na manifestação, que percorreu as ruas da baixa de Los Angeles até à porta da câmara municipal da cidade.
Entre cânticos a pedir a destituição de Donald Trump e o ‘slogan’ da era do ex-presidente Barack Obama, “Sim, podemos”, milhares de mulheres e homens empunharam cartazes de protesto, com baterias apontadas sobretudo a Donald Trump, a Elon Musk e ao partido republicano.
“Hoje é um dia muito poderoso”, afirmou a supervisora do condado de LA, Hilda Solis, no palco montado para os oradores.
Frisando que “os direitos das mulheres não são discutíveis”, Solis avisou que a resistência à administração Trump não vai desaparecer e que, se o ano começou mal, ainda pode ficar pior.
“Enfrentamos cortes de gastos federais, as pessoas estão a perder os empregos, há ameaças aos sindicatos e aos imigrantes”, enumerou, apelando a todos que analisem o Projeto 2025, um documento elaborado pelos conservadores que espelha muitas das medidas tomadas pela nova administração.
“Trump selecionou membros do governo que não acreditam nos direitos das mulheres, não acreditam que devemos trabalhar, acham que temos de voltar para a cozinha e não querem que votemos”, acusou Solis, concluindo: “Não nos podemos calar nem ficar em casa”.
Os discursos de vários ativistas e responsáveis da cidade de Los Angeles foram recebidos com urras e palavras de ordem por uma multidão que empunhava todo o tipo de cartazes, muitos dos quais com palavrões dirigidos a Trump e Musk.
“Elejam um palhaço, esperem um circo”, lia-se num cartaz, enquanto outro tinha escrito “DOGE = caca”, numa alusão ao Departamento de Eficiência Governativa liderado por Musk.
“Da Rússia com Amor” era a legenda de outro cartaz que mostrava Trump e o presidente russo Vladimir Putin a darem um beijo na boca.
Uma das presenças na marcha foi a de Helia Hernandez, uma imigrante indocumentada oriunda do México, para quem todos devem “lutar pela liberdade de escolherem o próprio destino, onde querem viver, ficar com as nossas famílias e defender as comunidades”.
Apesar de ser focada no Dia da Mulher, a marcha tocou na questão dos direitos de vários grupos, incluindo imigrantes sem documentos, minorias étnicas e a comunidade LGBTQ+.
“Todos estamos a passar por um momento difícil graças à estupidez do governo federal”, acusou Bamby Salcedo, mulher transgénero e ativista mexicana-americana.
“Este é o momento de nos radicalizarmos, organizarmos e tirá-los do poder”, acrescentou.
Entre os discursos, uma DJ tocava canções de estrelas femininas, como Beyoncé (“Run the world (Girls)”), Chappell Roan (“Hot to Go”) ou No Doubt (“Just a Girl”).
O membro da assembleia estadual Mark González foi outro dos oradores e usou o palco para garantir que a Califórnia não vai deixar que a retirada de direitos continue.
“Sabemos que esta administração vai tentar reverter todo o progresso que fizemos”, disse, acrescentando que “Não se pode desistir de lutar pela justiça, equidade e a liberdade das mulheres e dos seus corpos”.
“Isto não é sobre pessoas no poder, é sobre o poder das pessoas”, concluiu.
Considerada uma das marchas mais participadas dos últimos cinco anos, esta Marcha das Mulheres foi encarada como uma espécie de reinício da resistência a Trump, depois de a manifestação de janeiro ter sido cancelada por causa dos fogos em Los Angeles.
A Women’s March Foundation foi criada na sequência da primeira eleição de Donald Trump, em 2016, e organizou a maior Marcha das Mulheres de janeiro de 2017: cerca de 700 mil pessoas marcharam em Los Angeles.
*** Ana Rita Guerra, da agência Lusa ***
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By Impala News / Lusa
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