Mina de rubis moçambicana MRM pede medidas contra mineiros ilegais
A Montepuez Ruby Mining (MRM), que explora a maior mina de rubis moçambicana, pediu hoje medidas “proativas” contra a atividade ilegal, depois de um “grande grupo” de mineiros ter invadido a sua concessão em Cabo Delgado.

Em comunicado, a MRM refere que o último destes casos aconteceu em 18 de março, quando a sua equipa de segurança “foi informada que um grande grupo de mineiros ilegais se encontrava na concessão”, tendo sido solicitada a intervenção de uma equipa de patrulha das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
“Mais tarde, as FADM informaram a equipa de segurança da MRM que um mineiro ilegal tinha sofrido um ferimento causado por uma bala no membro inferior quando a multidão avançou agressivamente contra a equipa de patrulha”, acrescenta, referindo que o ferido, de 29 anos, da província de Nampula, teve de ser transportado ao hospital.
“Este incidente foi levado à atenção das autoridades, tanto a nível provincial como nacional, na esperança de que sejam tomadas medidas mais proativas contra aqueles que financiam, facilitam e encorajam o comércio ilegal de rubis moçambicanos, prejudicando Moçambique e o seu povo devido à perda de vidas e privação das tão necessárias receitas fiscais provenientes dos recursos minerais de Moçambique”, acrescenta a MRM.
A empresa sublinha que tem desenvolvido “atividades de comunicação contínuas para alertar para os perigos da exploração mineira ilegal”, nomeadamente “sensibilizando as comunidades vizinhas”, onde os mineiros ilegais “muitas vezes se abrigam temporariamente”, para os “perigos da exploração mineira ilegal, a fim de dissuadir os indivíduos de se colocarem a si próprios e aos outros em risco”.
Só a exploração de rubis na mina da MRM em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rendeu de 2012 a 2023 cerca de mil milhões de euros, segundo dados divulgados anteriormente pela Gemfields, que detém 75% da empresa.
De acordo com os dados até dezembro de 2023 do relatório “Fator G para Recursos Naturais”, que visa promover a “transparência” sobre o nível de riqueza dos recursos humanos partilhados pela Gemfields “com os governos dos países anfitriões” provenientes dos setores mineiro, petrolífero, gás madeira e pesca, a MRM teve uma receita total de 151,3 milhões de dólares (141 milhões de euros) em 2023.
Desde que a Gemfields adquiriu os 75% da MRM – em fevereiro de 2012, ano do início da exploração mineira, tendo os leilões de rubis começado dois anos depois -, a mina acumula receitas superiores a 1.055 milhões de dólares (982,7 milhões de euros), pagando ao Estado moçambicano, no mesmo período, 257,4 milhões de dólares (239,7 milhões de euros).
A MRM, detida em 75% pela Gemfields e em 25% pela Mwiriti Limitada, uma empresa moçambicana, pagou em 2023 ao Estado de Moçambique 53,2 milhões de dólares (49,6 milhões de euros) em ‘royalties’ e impostos, segundo o mesmo relatório.
Entretanto, a produção global de rubis em Moçambique disparou em 2024 para quase quatro milhões de quilates, um aumento de 46% face ao ano anterior, segundo dados do Governo noticiados anteriormente pela Lusa.
“No grupo das pedras preciosas e semipreciosas, o maior destaque vai para o rubi, que registou no período em análise um grau de execução de 128% em relação ao plano anual e uma taxa de crescimento de 46%”, lê-se no documento com os resultados das exportações no ano passado, consultado pela Lusa.
A produção de rubi cresceu assim de 2.710.617,70 quilates em 2023, para 3.946.506,90 quilates em 2024, quando a meta fixada pelo Governo era de 3.080.895 quilates no ano passado.
PVJ // VM
By Impala News / Lusa
Siga a Impala no Instagram