Mineradora Kumba Iron Ore anuncia corte de 500 postos de trabalho na África do Sul

A sul-africana Kumba Iron Ore, mineradora do Grupo Anglo American, anunciou o corte de cerca de 500 postos de trabalho na África do Sul devido ao impacto da degradação do sistema de público de logística no setor.

Mineradora Kumba Iron Ore anuncia corte de 500 postos de trabalho na África do Sul

O produtor de minério de ferro, que opera uma das maiores minas a céu aberto do mundo na província sul-africana de Cabo Norte — com cerca de 14 quilómetros de extensão -, indicou que “descarrilamentos e falhas de infraestrutura logística e equipamentos” nas operações ferroviárias e portuárias da estatal Transnet contribuiu para uma quebra de produção na ordem de 5,3%.

“A volatilidade e a incerteza macroeconómicas continuaram a pesar nos mercados globais, com a escalada da tensão geopolítica e a persistente inflação de custos no contexto de altas taxas de juro plurianuais. A nível doméstico, as empresas foram ainda mais afetadas pela redução de carga [fenómeno localmente conhecido por ‘loadshedding’ para designar os cortes de eletricidade constantes] e pelas restrições logísticas, aumentando o custo de fazer negócios na África do Sul”, salientou a administradora Mpumi Zikalala.

“Ao longo de vários anos, a Kumba, juntamente com outros membros do Fórum de Produtores de Minério, sofreu perdas significativas devido a descarrilamentos e falhas de infraestrutura logística e equipamentos. Esses problemas continuaram em 2023 e para reequilibrar a nossa cadeia de valor, decidimos desacelerar a produção geral no quarto trimestre de 2023, após o volume de produtos atingirem o pico em níveis insustentáveis. Como resultado, a produção diminuiu 5,3%, para 35,7 Mt [toneladas métricas]”, adiantou.

A gestora sul-africana anunciou que a mineradora estima que “a potencial reconfiguração do (…) negócio [na África do Sul, a economia mais desenvolvida no continente] afete 490 empregos [incluindo funcionários a prazo] em todas as operações da Kumba”, acrescentando que “paralelamente, está em curso um processo de revisão de empreiteiros e fornecedores que pode impactar 160 prestadores de serviços/empreiteiros”.

Apesar do “impacto logístico” anunciado nas operações da mineradora sul-africana, Mpumi Zikalala anunciou que a empresa gastou “23 mil milhões de rands [1,1 mil milhões de euros] na compra de bens e serviços a fornecedores negros sul-africanos no âmbito do empoderamento negro de capacitação económica, em 2023, incluindo mais de seis mil milhões de rands [293,9 milhões de euros] com fornecedores da comunidade local e investimos 376 milhões de rands [18,4 milhões de euros] em projetos de desenvolvimento social”.

Na terça-feira, a Anglo American Platinum (Amplats), uma das maiores produtoras de platina do mundo, anunciou o despedimento de cerca de 3.700 trabalhadores nas minas na África do Sul após a redução de 71% nos lucros.

Com mais de 62 milhões de habitantes, a taxa de desemprego da África do Sul, atualmente a mais elevada do mundo, subiu de 31,9% para 32,1% no quarto trimestre de 2023, de acordo com dados oficiais do Governo divulgados na terça-feira.

A África do Sul vai a votos em 29 de maio após 30 anos de governação monopartidária do Congresso Nacional Africano (ANC), antigo movimento de Libertação nacionalista liderado por Nelson Mandela.

O apoio ao ANC, que desde o fim do sistema de ‘apartheid’ em 1994 governa em coligação com o Partido Comunista da África do Sul (SACP) e a Confederação Sindical da África do Sul (COSATU), tem vindo a diminuir durante os anos para menos de 50%, principalmente no seio da maioria negra, devido ao seu fracasso em proporcionar emprego, habitação e serviços públicos a mais de 30 milhões de pobres, segundo dados do Banco Mundial.

CYH // JMC

By Impala News / Lusa

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