Morreu António Rafael. Corpo já se encontra no Santuário da Família

O bispo emérito da Diocese de Bragança-Miranda, António Rafael, morreu hoje aos 92 anos, tendo ficado conhecido pelas posições polémicas que assumiu ao longo episcopado.

Morreu António Rafael. Corpo já se encontra no Santuário da Família

Numa nota enviada às redações, a Diocese de Bragança-Miranda dá conta de que o corpo encontra-se no Santuário da Família, na Fundação Betânia, em Bragança, até às 19:00, seguindo depois para a Catedral, onde terá lugar uma Vigília de Oração, às 21:00.

A Missa Exequial terá lugar na segunda-feira, às 16:00, sendo depois sepultado no átrio dos Bispos na Catedral, em Bragança

António Rafael resignou por ter atingido o limite da idade e passou testemunho, em 2001, a António Montes Moreira, entretanto já substituído também pelo mais jovem bispo de Portugal, José Cordeiro, o atual bispo diocesano.

A insistência durante 22 anos na construção de uma nova catedral em Bragança marcou o episcopado de António Rafael.

Ficou conhecido como o “bispo polémico”, pelas suas intervenções na vida da Diocese e do país, que foram muito além do que à Igreja diz respeito.

Ao longo do seu episcopado pediu ao Governo que criasse incentivos para as famílias numerosas de forma a combater a desertificação que assola o Nordeste Transmontano.

“Façam filhos”, apelou insistentemente aos diocesanos, da mesma forma como combateu a legalização do aborto, comparando-o ao holocausto nazi, e ameaçou não dar os sagrados sacramentos a quem se dissesse a favor desta prática.

António Rafael defendeu que os salários dos mais abastados deviam ser congelados até que todo o país recebesse, pelo menos, o salário mínimo nacional

A sua discordância com a governação de Mário Soares, enquanto primeiro-ministro, foi ao ponto de apelar aos emigrantes portugueses para não enviarem as suas poupanças para Portugal, porque o dinheiro cairia “num saco roto”.

Contra a proposta política votou “não” no referendo sobre a regionalização, apesar de se assumir como um regionalista.

Com a mesma frontalidade, aplaudiu a descriminalização do consumo de drogas, considerando que não se deve castigar um toxicodependente, que é um doente, mas sim os traficantes que são os verdadeiros criminosos.

Contestou também a atribuição do prémio Nobel da Literatura a José Saramago

Dentro da Igreja foi criticado pelo seu “autoritarismo e reações repentinas”, entre as quais aquelas em que expulsou os jornalistas do Paço Episcopal em situações controversas como a manifestação dos populares de Vilares da Vilariça contra o pároco local.

Enfrentou a contestação das gentes de Miranda da Douro à “despromoção” da Sé de Miranda, ao construir a “igreja mãe”, em Bragança, e à colocação em segundo lugar da terra berço da diocese, na nova designação – “Diocese de Bragança-Miranda”.

D. António Rafael ingressou no sacerdócio aos 22 anos. Foi ordenado bispo em 1977, no mesmo ano em que foi nomeado bispo auxiliar de D. Manuel de Jesus Pereira, o então bispo da diocese.

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