Mulher de triatleta conta a sua versão sobre o desaparecimento e morte do marido
Rosa Grilo, a mulher do triatleta encontrado morto após mais de um mês de estar desaparecido, quebrou o silêncio e falou sobre o trágico caso
Rosa Grilo, a mulher de Luís Grilo – o triatleta amador que estava desaparecido desde 16 de julho e que foi encontrado morto passado mais de um mês (38 dias) – negou ter tido qualquer envolvimento na morte do marido. «Não, de todo. Não tenho nada a ver com isso», garantiu a viúva em entrevista na TVI24. A mulher do desportista já foi ouvida pela Polícia Judiciária e após o interrogatório não foi constituída como arguida no caso.
Os últimos momentos antes do desaparecimento: «Continuo à espera que o Luís abra a porta»
Em declarações à estação de Queluz, Rosa Grilo recordou os dias que antecederam ao desaparecimento do triatleta e relembrou os últimos momentos que viveu com o marido. «No domingo, levámos o nosso filho à avó e ele ficou lá como era habitual aos fins de semana», começou por lembrar.
De acordo com a mulher, na segunda-feira (dia em que Luís desapareceu) o casal tinha decidido ficar em casa, nas Cachoeiras, em Vila Franca de Xira, pois Rosa estava indisposta por ter tomado um medicamento que faz parte da preparação de um exame médico «invasivo», que iria realizar no dia seguinte no Hospital de Vila Franca.
Nessa tarde, o triatleta de 50 anos terá dito, por volta das 16h, que iria dar «uma voltinha, mas que pelas 18h estaria em casa». Rosa acrescentou que Luís «estava normal». Quinze minutos após aquele que viria a ser a última vez que Rosa iria ver o marido, o filho do casal, menor de idade, chegou a casa.
A mulher começou a ficar preocupada quando ligou a Luís e este não atendeu a chamada. Geralmente, «mandava mensagem e quando ele percebia retornava as chamadas ou mensagens». À espera que o telefone tocasse, por volta das 18h, Rosa voltou a tentar contactar o marido, ficando mais uma vez sem resposta. «Esperei porque pensei que o telemóvel estivesse no silêncio e era normal que um treino de 1 ou 2 horas passasse a 4 horas», recordou.
Por volta das 20h, Rosa, cada vez mais preocupada, retornou a ligar, tendo em conta que Luís nunca «treinava de noite». Sem respostas, a mulher saiu de casa e procurou pelo marido nas imediações da casa, colocando a hipóteses de que este podia ter tido um furo na bicicleta. Desesperada, Rosa terá ido de seguida à GNR, enquanto o filho ficou em casa, caso o pai regressasse. E assim, começou o caso do desaparecimento do triatleta.
«Foi angustiante. Estávamos à procura e não encontrávamos nada. Continuo à espera que o Luís abra a porta», confessa.
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O que Rosa acredita que aconteceu: «Não conheço ninguém que lhe quisesse mal»
No dia 24 de agosto, o corpo de Luís foi encontrado nu com um saco de lixo na cabeça, numa localidade em Portalegre a 134 quilómetros de casa, perto da habitação dos sogros. Rosa estava nas instalações da Polícia Judiciária quando o corpo foi encontrado.
A viúva salientou que não conhece ninguém «que quisesse mal» ao marido. Rosa acredita que Luís foi encontrado sem roupa para que «o corpo se decompusesse mais facilmente ou ainda por a roupa ter vestígios de outra pessoa».
Sobre ter sido descoberto perto da casa dos pais desta, a mulher não encontra nenhuma explicação. Rosa acha que Luís deve ter sido atropelado ou assaltado e que «alguma coisa» não correu bem.
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Viúva alvo de várias críticas
Sobretudo após o corpo de Luís ter sido encontrado, Rosa foi alvo de duras críticas por parte da opinião pública. Primeiramente, a mulher foi repreendida por ter ido «de branco ao funeral». Rosa recordou que por debaixo tinha «a camisola com que Luís ganhou a última prova que fez». Foram-lhe apontadas críticas também por aparentar estar «bem» psicológica e emocionalmente. De acordo com Rosa, o marido não havia de querer que esta se «fosse abaixo».
«Tenho de dar força ao menino. Ele não está bem, estou eu e vamos continuar», justificou.
Um crime passional não está excluído do cenário
Apesar de ainda não haver respostas, pelo facto de o corpo de Luís ter sido encontrado nu equaciona-se a hipótese de se ter tratado de um crime passional praticado por uma pessoa que se encontrava numa possível relação extraconjugal com a vítima. Rosa descartou por completo esta possibilidade: «Eu sei, o Luís sabia. Conhecemo-nos. A nossa vida, pelos vistos, faz confusão a muita gente. Éramos um casal feliz. Tivemos altos e baixos como toda a gente».
«Quem o matou pode ter querido vingar-se e quis como que deixar um recado, não a ele, mas a quem o possa entender, de que foi por ele andar despido que foi morto», referiu uma fonte da Polícia Judiciária ao Observador.
O saco de plástico também pode significar que o alegado homicida tinha uma relação amorosa, familiar ou de circunstância com a vítima. Tapar o rosto de um corpo pode traduzir-se em culpa ou arrependimento por parte do assassino. A psicologia forense explica que o facto de um criminoso tapar a cara da vítima durante ou depois de um homicídio é habitualmente um indicador de proximidade com a mesma.
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Caso sem arguidos
Até ao momento da redacção deste artigo, ainda ninguém foi constituído como arguido neste processo. Tal como Rosa, dezenas de pessoas já foram chamadas a prestar depoimento à Polícia Judiciária.
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