Muxito. De hotel luxuoso, com a primeira piscina olímpica portuguesa, ao abandono

Foi inaugurado em 1956 e era sinónimo de luxo. Hoje, o Hotel do Muxito, não passa de um monte de ruínas que esconde histórias dignas de um filme de Hollywood.

Quem percorre hoje, como nós fizemos, os terrenos do Muxito, em Vale dos Gatos, no Seixal, não imagina as histórias que se escondem naquelas ruínas que têm como maior destaque uma gigantesca piscina, que os mais atentos reconhecem imediatamente como tendo as medidas olímpicas. Muitos talvez nem saibam que a história daquele local é digna de um bem sucedido filme de Hollywood.

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O Hotel do Muxito foi inaugurado em 1956, tendo feito grande furor nas décadas de 50 e 60. O espaço era composto por um hotel, motel, treze moradias, restaurante, discoteca, piscina, campos de ténis, lagos artificiais e até uma pequena praça de touros. Na altura, era no Muxito que todos queriam estar. Era aqui que os ricos gastavam parte das suas fortunas. Estamos a falar de um complexo de luxo bastante raro para a época. Basta dizer que foi aqui que foi construída a primeira piscina olímpica portuguesa. Será que alguém se recorda de hotéis com piscinas de cinquenta metros e pranchas de dez metros de altura? Especialmente em 1956? Os hóspedes tinham ao seu dispor motas para explorarem os hectares de bosque que cobriam o hotel. Num dos lagos, de enormes dimensões, existiam barcos a remo. Os courts de ténis eram na zona onde hoje passa a A2. Como curiosidade pode dizer-se que o acesso à praia da Fonte da Telha foi alargado pelos proprietários do hotel que assim podiam transportar os hóspedes até à praia.

O Hotel do Muxito tem aquela que foi a primeira piscina olímpica portuguesa

Ao contrário do que acontece hoje, naquela época ninguém conseguia ver o Muxito, escondido pela densa e verdejante paisagem que o protegia de olhares indiscretos. Hoje, quase nada nada é oculto. Não só pelo abandono mas também pela construção da A2, que cortou a propriedade. Diz-se que a família que possuía o hotel tinha cerca de cem hectares [equivalente a cem campos de futebol] de terra em terrenos adjacentes ao hotel. Era aqui que também ficavam instaladas as equipas de futebol e diversas seleções internacionais que viam no complexo o local ideal para estagiar. Apesar da sua magnitude, o Muxito chegou a ter um projeto de ampliação que tornaria o espaço em algo ainda mais extraordinário do que aquilo que foi. O famoso arquiteto francês Jacques Couëlle foi o autor do mesmo, que projetava mais um hotel, um maior número de vivendas e ainda aquele que poderia ter sido o primeiro grande centro comercial português.

Após o 25 de Abril, o Muxito foi ocupado por grupos revolucionários

Mas, nada disto chegou a acontecer. Após o 25 de Abril, o Muxito foi ocupado por grupos revolucionários que viam neste local um ícone da classe alta. Como era comum na época, o espaço foi ocupado e o seu recheio roubado. Dando assim início ao fim de um dos projetos nacionais mais interessantes. Em 1999, Gordana Bayloni – a proprietária do hotel – morreu e desde estão que não existe disponibilidade financeira para reerguer o Muxito. Fonte da Câmara Municipal do Seixal explicou ao Portal de Notícias que os donos dos terrenos chegaram a apresentar algumas ideias, mas que nunca as concretizaram. E que de momento não existem qualquer projeto para a zona. Desde o abandono que o espaço já chegou a ser utilizado como infantário. É também local de eleição para alguns praticantes de paintball que utilizam as ruínas para campos de batalha. Praticamente todas as paredes já serviram de tela para artistas de rua que pintam grafites nos espaços livres, cheios de história.

Cenário de filme português de ficção científica

Começamos por dizer que a história do Muxito é digna de um filme. Mas o espaço também já serviu de cenários para as filmagens de RPG, filme português de ficção científica lançado em 2013.

Local assombrado com histórias de assassinatos

Existem ainda muitas histórias que se contam sobre o espaço. Há muitos anos apareceu um casal norte-americano morto numa das vivendas. O caso foi muito mediático e nunca se soube o que realmente terá acontecido. Diz-se que foram assassinados e que o(s) autor(es) do homicídio pouparam os filhos do casal. Conta-se que o casal estaria envolvido com agências de espionagem internacionais. Diz-se também que outro casal, que quis comprar o hotel, terá sido assassinado no restaurante, sendo que esta história não está provada. Contam-se também histórias de pessoas que morreram ao saltar da prancha dos dez metros. Tudo Isto faz com que muitas pessoas acreditem tratar-se de um local assombrado.

Entre na galeria, veja como está hoje o Hotel do Muxito e recorde aquilo que foi no passado

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Zito Colaço e DR

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