Oposição são-tomense vê no aumento de taxas aeroportuárias um “atentado à economia”

O principal partido da oposição são-tomense, o MLSTP, exigiu hoje a suspensão do aumento das taxas aeroportuárias aprovado pelo Governo, para 220 euros por passageiro, considerando que é “um atentado à economia” e vai afastar turistas e investidores.

Oposição são-tomense vê no aumento de taxas aeroportuárias um

“O aumento da taxa aeroportuária de cerca de 1.000 dobras (40 euros ao câmbio atual) para 5.500 dobras (cerca de 220 euros) não é apenas uma decisão insensata ou um reflexo de um governo desconectado da realidade da sua população, incapaz de gerir a economia com responsabilidade. É muito mais do que isso. É um atentado à economia e ao bem-estar do povo de São Tomé e Príncipe”, disse o presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), Américo Barros.

O líder da oposição defendeu que “o governo do ADI (Ação democrática Independente) deve suspender imediatamente este aumento desproporcional” e prometeu, lendo um comunicado sem direito a perguntas, que “se isso não for feito, em 2026, quando o MLSTP for ao poder, com os votos do povo, irá reverter esta situação”.

O governo, afirmou ainda o líder da oposição, deve “abrir diálogo amplo com os órgãos de soberania, partidos políticos, sociedade civil, setor privado, especialistas económicos para analisar a oportunidade de retomar as negociações com a China Popular e com o Banco Africano de Desenvolvimento, de modo que o país possa resgatar os donativos de mais de 100 milhões de dólares para melhorias previstas no aeroporto de São Tomé e Príncipe.

O Governo são-tomense aprovou uma resolução, que entrará em vigor a partir de 01 de dezembro, fixando a Taxa de Desenvolvimento Aeronáutico (TSDA) em 62 euros, Taxas de Segurança Aeroportuário em 28 euros e as Taxas de Regulação (TR) em 20 euros, que, multiplicando-se por dois nas viagens de ida e volta, totalizam 220 euros por passageiro em voos internacionais.

Nos voos domésticos para a ilha do Príncipe, as Taxas de Desenvolvimento Aeronáutico foram fixadas em sete euros, as Taxas de Segurança Aeroportuário em quatro euros e as Taxas de Regulação em cinco euros, que, multiplicando-se por dois nas viagens ida e volta, totalizam 32 euros por passageiros.

O MLSTP, acrescentou Américo Barros, manifesta “a sua profunda preocupação, indignação e a mais veemente oposição ao aumento desproporcional da taxa aeroportuária para 220 euros”, sublinhando que o salário mínimo no arquipélago, situa-se em 2.500 dobras, cerca de 100 euros.

“Esta decisão demonstra a total insensibilidade do governo do ADI às condições económicas da nossa população e à fragilidade estrutural da nossa economia. Esta medida terá impacto direto e insustentável para as empresas, empresários, trabalhadores, estudantes e muitas famílias, por os inviabilizar de usar os transportes aéreos, o que apressa a falência das empresas, aprofunda as desigualdades e limita a mobilidade dos cidadãos, pondo em causa um direito constitucional básico”, lamentou.

“Esta decisão de aumentar as taxas de forma desproporcional constitui um desincentivo ao turismo, ao investimento externo e é também uma agressão às mais elevadas propostas do governo para a arrecadação das divisas que seriam imprescindíveis para a aquisição de medicamentos para os centros hospitalares”, afirmou Américo Barros.

O líder da oposição são-tomense instou o governo a “explicar às autoridades do país e ao público em geral” por que “faz contratos sem obedecer a critérios de transparência e a lei de licitação pública, causando sempre vários transtornos ao país”.

Após reclamações de vários são-tomenses, sobretudo nas redes sociais, responsáveis do Ministério das Infraestruturas justificaram o aumento das taxas no âmbito do contrato de concessão do aeroporto de São Tomé, por 49 anos a uma empresa privada de investidores turcos, visando a modernização da infraestrutura.

O MLSTP instou ainda o Governo “a promover uma revisão em baixa das políticas de arrecadação fiscal”, nomeadamente o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), as taxas ou sobretaxas do IRS, “priorizando medidas que sejam justas e sustentáveis, sem penalizar a classe vulnerável”.

 

JYAF // ANP

By Impala News / Lusa

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