Ovar isolada devido ao Covid-19. «Estou muito assustada», diz habitante
Horas depois de ter sido decretado o estado de calamidade em Ovar, após o número de casos com Covid-19 ter duplicado em 24 horas, os habitantes do concelho mostram-se apreensivos.
Horas depois de ter sido decretado o estado de calamidade em Ovar, após o número de casos com Covid-19 ter duplicado em 24 horas, os habitante do concelho mostram-se apreensivos.
Maria Silva, de 61 anos, vive no centro de Ovar há vários anos e nunca pensou que a sua cidade, conhecida pelo divertido carnaval (que terminou há pouco tempo), mergulhasse nesta crise de saúde pública devido ao novo coronavírus. Da música que se ouvira noite dentro nos dias de folia, impera agora um silêncio ensurdecedor nas ruas vareiras.
«Estou muito assustada. Nunca tinha visto nada assim, as ruas estão sempre com movimento e agora não se vê ninguém. Estamos todos em pânico», começa por revelar ao site da VIP.
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A habitante, que já lutou contra um problema oncológico, confessa que tem medo de ir ao supermercado por causa do seu sistema imunitário: «Se eu sou infetada… tenho medo. Estão polícias a controlar o número de pessoas no supermercado, mas mesmo assim tenho medo.»
«Deixa-me muito preocupada»
O facto de o filho de Maria ser médico no Hospital de Santo António, no Porto, deixa-a ainda mais preocupada: «Eu estou aqui nesta situação e ele lá em contacto com os doentes. Sei que tem de ser, mas deixa-me muito preocupada».
Sobre a jovem de 17 anos que está infetada com o vírus Covid-19 e que foi três vezes às urgências do hospital de Santa Maria da Feira até ficar em isolamento na última, Maria considera: «Como é que isto pode ter acontecido? Ela não ia às aulas desde o dia 28 de fevereiro. Infetou a mãe, que por sua vez infetou mais pessoas. O carnaval foi entretanto. Milhares de pessoas estiveram cá. Quantas é que podem estar infetadas e não sabem?»
Município de quarentena geográfica
O anúncio do estado de calamidade no concelho foi feito pelo presidente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, depois de o número de casos com Covid-19 ter duplicado em 24 horas. Registam-se mais de 30 casos.
“Determino o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais e serviços não essenciais, bem como a limitação de movimentação de pessoas, de e para o Concelho de Ovar, devido à existência de perigo para a Saúde Pública, nomeadamente de risco de contágio de Covid-19 e como medida de contenção, pelo período de 18/03/2020 a 02/04/2020”, anunciou na página de Facebook Salvador Malheiro.
Logo depois, o ministro da Adminstração Interna, Eduardo Cabrita, confirmva o estado de calamidade em Ovar.
O despacho foi publicado ainda terça-feira, 17 de março, e com “efeitos imediatos”, vigorando até 2 de abril, determina que dentro do município de Ovar, distrito de Aveiro, “é interditada a circulação e permanência de pessoas na via pública, exceto para deslocações necessárias e urgentes”.
As exceções contemplam a “venda e aquisição de bens alimentares ou farmacêuticos”, os acessos “a unidades de cuidados de saúde” e ao “local de trabalho, situado no município”, e, também, a “assistência e cuidado a idosos, menores, dependentes e pessoas especialmente vulneráveis”.
É imposto o encerramento de “todos os serviços públicos, nacionais ou municipais, exceto hospitais e centros de saúde, forças e serviços de segurança, serviços de socorro, comunicações e abastecimento de água e energia”.
Texto: Ivan Silva com Carla S. Rodrigues; Foto: DR
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