Pelo menos 47 feridos e 77 detidos em cinco dias de manifestações em Moçambique
Pelo menos 47 pessoas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e a polícia nos últimos cinco dias de manifestações de contestação de resultados eleitorais, anunciaram hoje as autoridades moçambicanas, que detiveram 77 pessoas.
Os dados apresentados, em conferência de imprensa, em Maputo, pelo porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Orlando Mudumane, indicam que foram igualmente instaurados pelo menos 119 processos-crimes e submetidos aos Ministério Público.
Em cinco dias de manifestações e paralisações, a polícia moçambicana registou a destruição, com recurso a bombas de fabrico caseiro, de pelo menos cinco postos policiais, quatro postos administrativos, uma conservatória de serviços de notariados, uma invasão e vandalização a um estabelecimento penitenciário e queima de quatro residências.
“Circula muita desinformação nas redes sociais e outras plataformas digitais, com objetivo de manipular e instrumentalizar as mentes de cidadãos e fomentar conflitos e caos no país”, apontou a polícia moçambicana, anunciando que estão em curso investigações visando travar tais atos.
Pelo menos 103 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, segundo atualização feita hoje pela Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
De acordo com o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, só de 03 a 07 de dezembro, na atual fase de manifestações, há registo de 27 vítimas mortais, nomeadamente 10 em Gaza e oito em Nampula, além de três mortos em Cabo Delgado.
Anteriormente, aquela ONG já tinha também contabilizado pelo menos 274 pessoas baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de outubro e 3.450 detidos.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, de 04 a 11 de dezembro, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00 (menos duas horas em Lisboa).
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
PYME/PVJ // MLL
By Impala News / Lusa
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