14 mortos em confrontos sectários perto de Damasco
Pelo menos 14 pessoas morreram em confrontos sectários num subúrbio predominantemente druso de Damasco, revelou hoje uma organização não-governamental (ONG), enquanto as autoridades sírias prometeram encontrar e julgar os envolvidos nos confrontos.

Este caso de violência volta a alertar para os confrontos sectários, um mês após os massacres contra a minoria alauita, onde pertencia o presidente deposto Bashar al-Assad, derrubado em dezembro pela coligação islamista no poder.
De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), “as forças de segurança lançaram um ataque” em Jaramana, no sudeste da área metropolitana de Damasco, após a publicação nas redes sociais de uma mensagem de voz atribuída a um druso e considerada blasfema contra o Islão.
A agência France-Presse (AFP) não conseguiu verificar imediatamente a autenticidade da mensagem.
O OSDH disse que o número de mortos nos confrontos ocorridos durante a madrugada de hoje “subiu para 14: sete combatentes drusos da cidade, bem como sete membros das forças de segurança e grupos afiliados”.
A ONG, sediada no Reino Unido, mas que tem uma forte rede de fontes na Síria, tinha reportado nove mortes no relatório anterior.
Um jornalista da AFP assistiu aos funerais de dois membros das forças de segurança mortos.
A coligação islamista no poder desde dezembro, através do seu Ministério do Interior, alegou que os confrontos ocorreram entre “grupos armados” antes da intervenção das forças de segurança, que, segundo o ministério, foram mobilizadas “para proteger os residentes”.
Jaramana é um subúrbio com uma população maioritariamente drusa e inclui também famílias cristãs.
O ministério prometeu ainda “perseguir” os homens armados envolvidos nestes confrontos, confirmando, sem adiantar números, que houve “mortes e feridos”.
Vários residentes de Jaramana contactados por telefone pela AFP relataram ter ouvido tiros durante a noite e disseram que já não se atreveram a sair de casa.
Combatentes locais foram posicionados nas ruas e nas entradas da cidade, pedindo aos moradores que ficassem em casa, referiu à AFP um dos atiradores, Jamal, que não revelou o apelido.
Este subúrbio de Damasco, normalmente cheio, parecia hoje deserto. De manhã, algumas lojas abriram as portas, mas as ruas de Jaramana permaneceram quase desertas, relataram os moradores.
Um correspondente da AFP viu combatentes locais fortemente posicionados em todos os pontos de acesso que conduzem a Jaramana. Por sua vez, forças dos Ministérios da Defesa e do Interior foram mobilizadas na estrada para o próximo Aeroporto Internacional de Damasco, com veículos blindados e metralhadoras.
Em comunicado, as autoridades religiosas drusas locais “condenaram veementemente o ataque armado injustificado contra Jaramana (…)”, ao mesmo tempo que denunciaram “qualquer ataque ao profeta Maomé”.
O Ministério do Interior, por sua vez, indicou que estava a investigar a mensagem “blasfema ao Profeta” Maomé para identificar o autor e levá-lo à justiça.
Altos funcionários pediram calma, com um deles, o influente xeque Hikmat al-Hajri, a denunciar “ataques terroristas” contra “pessoas inocentes”.
Ao mesmo tempo, criticou as novas autoridades, acusando-as de quererem marginalizar os drusos, tal como o anterior governo.
Os drusos, uma minoria descendente do Islão, estão distribuídos sobretudo entre o Líbano, a Síria e Israel.
Desde a queda de Bashar al-Assad do poder, em 08 de dezembro, após mais de 13 anos de guerra civil na Síria, Israel tem feito inúmeros gestos de abertura em relação a esta comunidade.
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By Impala News / Lusa
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