ACNUR pede ajuda para responder à “emergência humanitária alarmante” na RDCongo
A República Democrática do Congo (RDCongo) vive uma situação “de emergência humanitária alarmante”, causada pelas inundações e conflitos no país, que exige mais ajuda da comunidade internacional, disse hoje o porta-voz do Agência da ONU para os Refugiados.

“Com o deslocamento contínuo causado por enchentes e conflitos, a insegurança alimentar e a ameaça iminente de surtos de doenças, uma resposta humanitária coordenada e robusta é fundamental para evitar perdas de vidas”, refere Eujin Byun, apelando à comunidade internacional para que reforce a ajuda financeira para o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, poder dar resposta a esta “dupla crise” na RDCongo.
“A população da RDCongo está a precisar urgentemente de ajuda e, sem uma intervenção oportuna e adequada, as consequências dessa trágica crise dupla só se agravarão”, destacou o responsável do ACNUR, citado num comunicado emitido hoje após a conferência de imprensa que deu no Palais des Nations, na cidade Suíça.
“As graves inundações provocadas por chuvas torrenciais nas últimas semanas desalojaram quase 10.000 pessoas na província de Tanganica”, frisou.
O que representa para a RDCongo uma “dupla crise” a enfrentar, num país “onde os choques climáticos extremos (…) agravam o sofrimento causado pelo conflito contínuo e pelos deslocamentos em massa”.
Além das inundações de grandes áreas dos territórios de Kalemie e Nyunzu, com casas, escolas e terras agrícolas destruídas, “deixando milhares de pessoas sem abrigo ou meios de subsistência”, as águas estagnadas e contaminadas levantam preocupações sobre surtos de doenças, “com um número de casos de cólera registados na província, já seis vezes superiores aos verificados no mesmo período do ano passado”.
Por outro lado, estas inundações atingiram uma comunidade que já estava sob forte pressão, porque, desde janeiro até agora, Tanganyika recebeu cerca de 50.000 deslocados internos que fugiram da violência no Kivu do Sul.
As enchentes também destruíram plantações importantes, como mandioca, milho e amendoim, piorando uma situação já grave de insegurança alimentar naquele país de África, que faz fronteira com a lusófona Angola.
“De acordo com avaliações recentes, 2,3 milhões de pessoas em quatro províncias afetadas pelo conflito [com as forças do grupo M23, apoiados pelo Ruanda] – Kivu do Sul, Kivu do Norte, Ituri e Tanganyika – enfrentarão fome com risco de morte nos próximos meses, a menos que sejam tomadas medidas urgentes”, sublinhou o porta-voz.
Os funcionários do ACNUR e parceiros humanitários estão a dar apoio de emergência, incluindo abrigo, água potável, alimentos e atendimento médico às pessoas, no entanto, “os esforços de resposta são prejudicados por falhas críticas de financiamento, deixando milhares de pessoas sem a ajuda de que precisam com urgência”, alertou.
A somar a isto, os relatórios indicam que alguns refugiados congoleses que fugiram recentemente para o Burundi já regressaram à RDCongo. “Muitos destes falam das péssimas condições de vida, incluindo o acesso limitado a alimentos, abrigo e serviços básicos, como fatores fundamentais que influenciaram a sua decisão de regressar, mesmo perante um conflito persistente e a incerteza na RDCongo”, adianta a nota.
Mas ainda há refugiados congoleses “em movimento”, que continuam a cruzar a fronteira com os países vizinhos à procura de segurança.
De acordo com o comunicado, até o momento, cerca de 120.000 pessoas chegaram a Burundi, Tanzânia e Uganda, sendo que este último país recebeu só na última semana mais de 5.500 refugiados.
Essa tendência, destaca “a necessidade urgente de maior apoio tanto nos países anfitriões quanto nas áreas de retorno para enfrentar os desafios enfrentados pelos retornados e refugiados nos países vizinhos”, concluiu Eujin Byun.
ATR// ANP
By Impala News / Lusa
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