Alemanha reitera solidariedade mas mantém redução da ajuda militar à Ucrânia
O governo alemão, que anunciou uma redução no orçamento da ajuda militar à Ucrânia, garantiu que a sua solidariedade é “contínua e inabalável” perante a “agressão” da Rússia.
A garantia foi dada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, numa conversa telefónica com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a propósito do 33.º aniversário da independência da Ucrânia, que hoje se assinala.
Num curto comunicado, a chancelaria alemã refere que os dois líderes políticos abordaram a situação militar e humanitária na Ucrânia.
Ambos reiteraram a importância do processo de paz iniciado com uma cimeira na Suíça, em junho, sem a presença da Rússia, e debateram sobre o seu futuro.
“O Presidente Zelensky agradeceu ao governo federal o seu apoio militar contínuo, nomeadamente em matéria de defesa aérea”, acrescenta.
Segundo maior contribuinte para o esforço de guerra ucraniano, a seguir aos Estados Unidos, a Alemanha enfrenta a necessidade de fazer cortes orçamentais, num contexto de braço de ferro entre os três partidos da coligação governamental, e decidiu reduzir para metade, no próximo ano, o montante da ajuda militar bilateral a Kiev.
No passado fim de semana, vários órgãos de comunicação social alemães noticiaram que o Governo, sob pressão do Ministério das Finanças, excluía qualquer apoio orçamental adicional a Kiev, além do já definido, o que suscitou ferozes críticas até do partido social-democrata do chanceler.
Na segunda-feira, Olaf Scholz garantiu que a Alemanha “é e continuará a ser o principal apoiante da Ucrânia na Europa”, apesar dos cortes orçamentais previstos para 2025.
Este anúncio de Berlim está a causar preocupação na União Europeia (UE).
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, considerou a prevista redução da ajuda alemã como “más notícias”.
Para compensar os cortes orçamentais, Berlim conta conceder a Kiev um empréstimo de 50 mil milhões de euros, garantido pelos juros futuros dos bens russos congelados, instrumento financeiro acordado pelos países do G7 na cimeira de junho, em Itália.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
As forças armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
Desde 06 de agosto, Kiev enviou milhares de soldados para a região fronteiriça de Kursk, conquistando dezenas de cidades e várias centenas de quilómetros quadrados ao território russo.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
O Presidente russo, Vladimir Putin, declarou que um cessar-fogo e conversações só são possíveis se Kiev ceder as regiões que a Rússia afirma ter anexado desde 2022: Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson.
Moscovo exige também que a Ucrânia renuncie ao desejo de aderir à NATO.
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais consideram inaceitáveis as condições russas.
Zelensky tem exigido a retirada das tropas russas de todo o território ucraniano, incluindo a Crimeia, para negociar um acordo de paz.
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By Impala News / Lusa
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