Alto Comissário da ONU quer identificar líderes dos gangues do Haiti
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que é necessário identificar os responsáveis pelos grupos de crime organizado do Haiti e quem beneficia do caos atual no país
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“É claro que há interesses ocultos na manutenção desta situação, e devemos investigar e acompanhar o fluxo de dinheiro [que sustenta os gangues armados] para responsabilizar os responsáveis”, disse no sábado o diplomata.
Türk falava durante um colóquio da Conferência de Segurança de Munique, que contou também com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros da Costa Rica, Arnoldo André, e da ex-chanceler do Panamá, Erika Mouynes.
Para Türk, o Haiti precisa de um apoio maior e mais abrangente por parte da comunidade internacional.
O diplomata acrescentou que o que está a acontecer no Haiti é uma “grande tragédia” e lembrou que as Nações Unidas impuseram um embargo de armas ao país, porque os gangues têm acesso a armas mais modernas do que as forças de segurança.
“O Haiti não produz armas, vêm principalmente dos Estados Unidos e também entram pela República Dominicana. Aqueles que beneficiam do tráfico de armas devem ser detidos”, disse.
Segundo dados da ONU, pelo menos 5.626 pessoas morreram no Haiti em 2024 na sequência das ações de grupos criminosos (mais mil do que no ano anterior), 2.213 ficaram feridas e 1.494 foram raptadas.
Arnoldo André descreveu o Haiti como um “estado falhado”, onde as estruturas de uma república ou de um Estado não existem, e disse que a pressão sobre a população haitiana é tão grande que “as pessoas estão a migrar como podem”, para a Costa Rica, Panamá e outros países da América Central.
“O país que mais sofre com a crise no Haiti é a República Dominicana, o seu vizinho direto. É a República Dominicana que está constantemente a tomar a iniciativa de alertar o mundo para o que está a acontecer. A ONU tem feito esforços, incluindo com o Quénia e El Salvador, que organizaram forças, mas ainda não deram resultados positivos”, lamentou André.
Na semana passada, grupos armados, que juntos controlam cerca de 85% de Porto Príncipe, incendiaram o principal hospital da capital, numa nova demonstração do terror e controlo que exercem sobre a população.
Em meados de janeiro, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou que o número de deslocados no Haiti triplicou em apenas um ano e ultrapassou um milhão de pessoas, mais de metade das quais são crianças.
Em 22 de janeiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres avisou que a trasos no envio da missão internacional de apoio policial para o Haiti pode permitir que gangues “tomem conta” de toda a capital.
O alerta de Guterres surgiu ainda antes de, em 04 de fevereiro, os Estados Unidos pedirem às Nações Unidas que congelassem imediatamente a sua contribuição para o fundo que financia a missão.
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By Impala News / Lusa
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