Amnistia Internacional exige a Kremlin “verdade” sobre morte de Navalny há um ano

A Amnistia Internacional pediu uma investigação “intransigente” à morte de Alexei Navalny, exigindo à Rússia a verdade sobre o líder da oposição russa, que morreu há exatamente um ano quando cumpria pena numa prisão do Ártico

Amnistia Internacional exige a Kremlin

“As questões sobre a morte de Navalny não vão desaparecer, nem os apelos à responsabilização”, afirmou hoje a secretária-geral da Amnistia Internacional (AI), Agnès Callamard, dirigindo-se ao Presidente russo, Vladimir Putin.

Callamard apelou a uma investigação “intransigente” por parte de peritos internacionais imparciais e avisou o Kremlin que “é errado assumir que a memória de Alexei se vai desvanecer e que pode evitar uma investigação exaustiva sobre a sua morte”, avança a agência de notícias espanhola EFE.

Reconhecido pelo seu trabalho como líder da oposição, Navalny organizou em 2011 os maiores protestos contra o governo desde a queda da União Soviética.

Alvo de uma tentativa falhada de assassinato em 2020, após nove meses de convalescença na Alemanha regressou à Rússia, onde foi condenado e enviado em 2023 para uma penitenciária do outro lado dos Urais, de onde nunca mais regressou com vida.

A secretária-geral da AI elogiou Navalny como um exemplo de “coragem e resiliência” e como uma pessoa que deu “esperança e otimismo” a milhares de russos que ousaram levantar-se contra os abusos de poder, a repressão e as violações dos direitos humanos.

A organização aproveitou o primeiro aniversário da morte de Navalny para condenar também o processo penal contra os seus três advogados: A 17 de janeiro, os tribunais russos condenaram Vadim Kobzev, Alexei Lipster e Igor Sergunin a penas de três a cinco anos de prisão, acusados de “extremismo” e de divulgarem as mensagens do seu cliente enquanto estava na prisão.

“A Amnistia Internacional apela à libertação imediata e incondicional e insta a comunidade internacional a intensificar a pressão sobre o Governo russo para que ponha termo a estas e outras perseguições com motivações políticas”, afirmou Callamard.

A secretária-geral da AI manifestou também a sua solidariedade para com todos os que continuam a lutar, apesar da “crescente repressão na Rússia”, dando como exemplo os casos dos jornalistas Antonina Favorskaya, Sergey Karelin, Konstantin Gavov e Arty Kryghar, que enfrentam penas de prisão por trabalharem em projetos mediáticos ligados a Navalny.

Os quatro jornalistas são acusados de colaborar com o Fundação Anticorrupção (FBK), uma organização sem fns lucrativos criada em 2011 pelo então líder da oposição russa, Alexei Navalny, que publicou investigações sobre alegados casos de corrupção por parte de altos funcionários do governo russo e foi declarada extremista e ilegal pelas autoridades do país.

Callamard disse também estar indignada com a sentença de prisão de oito anos imposta a Daniel Kholodny, o ex-diretor técnico do canal no You Tube Navalny Live de Alexei Navalny. Kholodny também esteve envolvido na FBK enquanto estudava na faculdade.

A FBK foi declarada “agente estrangeiro” pelo Ministério da Justiça e, em 2021, foi designada como uma organização extremista e liquidada pelo tribunal de Moscovo.

SIM // MAG

By Impala News / Lusa

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