António Vitorino diz-se mais preocupado com o “dia a seguir às eleições”

O antigo comissário europeu António Vitorino pediu hoje “bom senso” para que se encontre uma solução para o país que “garanta estabilidade”, apontando que se preocupa mais com o dia a seguir às eleições.

António Vitorino diz-se mais preocupado com o

“Saberemos isso [se teremos eleições em maio] amanhã [terça-feira]. Espero que haja bom senso e se encontre uma solução que garanta estabilidade. As eleições são legítimas. A mim preocupa-me mais é o dia a seguir às eleições”, disse António Vitorino.

Em Vila Nova de Gaia (distrito o Porto), à entrada para a conferência “Imigração: O desafio da proximidade”, onde vai intervir na sessão de encerramento enquanto presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo, António Vitorino não quis dar opinião sobre o momento atual da política portuguesa, nem sobre se esta podia ter sido evitada, sublinhando apenas a legitimidade das eleições.

“As eleições são uma forma legítima de resolver situações de impasse”, disse António Vitorino, que ainda se encontra em reflexão sobre uma eventual candidatura à Presidência da República.

Em causa está a crise política que poderá ditar a queda do Governo PSD/CDS de Luís Montenegro com a não aprovação da moção de confiança apresentada pelo executivo.

António Vitorino vincou que “cabe aos protagonistas políticos definirem quais são as regras do jogo e, sobretudo, o que é que podemos esperar de um resultado eleitoral”.

“Em democracia o diálogo entre os partidos políticos é fundamental. Se há um impasse ou uma situação de irredutibilidade, as eleições são uma forma de solução”, terminou.

Hoje decorre, em Lisboa, aquele que pode ser o último Conselho de Ministros do Governo em plenitude de funções dado que o parlamento debate na próxima terça-feira uma moção de confiança ao executivo minoritário PSD/CDS-PP, que tem chumbo anunciado, com os votos do PS e Chega.

Às 21:00, o PS reúne, na sede nacional, também em Lisboa, a comissão política nacional do partido, um dia depois de um encontro, no domingo, do líder socialista, Pedro Nuno Santos, com os líderes das federações distritais.

No sábado, num almoço do Dia da Mulher, na Maia, Porto, Montenegro afirmou que lhe “parece que não há alternativa” a eleições antecipadas, garantindo que é sua responsabilidade “evitar que Portugal seja um país envolto em lama”.

Horas depois, em Lisboa, Pedro Nuno Santos respondeu e acusou o primeiro-ministro de “estar na lama” para a qual arrastou PSD, Governo e agora querer levar também o país. E avisou que o executivo de direita que “nunca poderá ter a confiança” dos socialistas.

O chumbo de um voto de confiança implica a demissão do Governo. O Presidente da República, face a este cenário, já antecipou que as datas possíveis para realizar legislativas antecipadas o mais breve possível são 11 ou 18 de maio.

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, – e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos – levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

Depois de mais de duas semanas de notícias — incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva – de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança.

 

PFT (NS)// ACL

By Impala News / Lusa

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