Argentina ameaça sair do Mercosul e assinar acordo de comércio livre com EUA

O Presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a ameaçar retirar o país do bloco sul-americano Mercosul para avançar com um acordo de comércio livre com os Estados Unidos

Argentina ameaça sair do Mercosul e assinar acordo de comércio livre com EUA

“A única coisa que ele (o Mercosul) conseguiu desde a sua criação foi enriquecer os grandes industriais brasileiros à custa do empobrecimento dos argentinos”, disse Milei, na noite de sábado.

No discurso de abertura da sessão legislativa do Congresso, o parlamento argentino, o Presidente falou da “oportunidade histórica” de “estabelecer um acordo comercial com os Estados Unidos”.

“Mas para aproveitar esta oportunidade histórica que mais uma vez se nos apresenta, temos de estar dispostos a ser flexíveis ou, se necessário, até a sair do Mercosul”, defendeu Milei.

O presidente da Argentina, que atualmente ocupa a presidência do Mercosul, voltou a defender que cada país é livre de fechar acordos comerciais com quem quiser, sem estar sujeito aos obstáculos impostos pela organização regional, que os obriga a negociar em bloco.

O discurso de Milei surgiu horas depois do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ter defendido a importância de “formar um bloco forte na América do Sul”, independentemente de quem governe.

Lula da Silva disse aos jornalistas que é tempo de “esquecer as convergências e as divergências entre as pessoas” e compreender que a relação entre os Estados “é algo mais profundo e que não muda, mesmo quando muda o presidente”.

O líder brasileiro salientou ainda que, num contexto em que “o mundo está dividido em blocos”, quem estiver “mais organizado” poderá fazer mais, e nesse sentido destacou o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, cujas negociações, que duraram quase 25 anos, terminaram em dezembro.

“O acordo que fizemos com a União Europeia não é um acordo qualquer. É um acordo que envolve quase 800 milhões de pessoas. É um acordo que envolve milhares de milhões de dólares. E se este acordo resultar, se este acordo crescer, vai beneficiar todos os países da América do Sul”, disse Lula.

O acordo UE-Mercosul, que tem sido criticado por vários setores e países, em particular França e Itália, tem ainda de ser aprovado pelo Parlamento e pelo Conselho da UE e pelos congressos dos países do grupo sul-americano, que inclui o Brasil, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai e, em breve, a Bolívia, quando o seu processo de adesão estiver concluído.

Em declarações à imprensa na tomada de posse do novo Presidente do Uruguai, Lula considerou que a vitória de Yamandú Orsi permitiu “voltar a discutir coisas importantes”, como “o fortalecimento do Mercosul” e a “reconstrução da Unasul [União de Nações Sul-Americanas]”.

O líder brasileiro defendeu que a criação, em Brasília em 2008, deste organismo e atualmente inativo, foi o melhor momento político, económico e de inclusão social da América do Sul e da América Latina.

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By Impala News / Lusa

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