Ataque em Beirute foi “crime israelita” para arrastar Líbano para a guerra – PM libanês
O primeiro-ministro libanês descreveu hoje como “um crime” o ataque israelita nos subúrbios de Beirute, que matou o número dois do movimento palestiniano Hamas, considerando que visa envolver o Líbano na guerra em curso na Faixa de Gaza.
Em comunicado divulgado na rede social X, o primeiro-ministro Najib Mikati disse que “este novo crime israelita visa arrastar o Líbano para uma nova fase de confrontos depois dos contínuos ataques diários no sul, que causaram um grande número de mártires e feridos”.
Esta é a primeira vez desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, iniciada em 07 de outubro de 2023, que as forças de Telavive atacam a capital libanesa.
Os confrontos entre o Exército israelita e o movimento xiita libanês Hezbollah, aliado do Hamas, estavam até agora limitados às zonas fronteiriças no sul do Líbano, quando se têm repetido vários avisos no mundo árabe e na comunidade internacional sobre o receio da propagação do conflito na Faixa de Gaza, na Palestina, a outras regiões do Médio Oriente.
“Apelamos aos países envolvidos para que pressionem Israel para parar de atacar”, pediu o líder libanês, ao mesmo tempo que acusou Israel de recorrer à “exportação dos seus fracassos” na Faixa de Gaza para a fronteira sul do Líbano, com vista a impor “novas realidades” de guerra.
Israel “não se cansou de matar e destruir toda a gente, perto e longe”, prosseguiu Mikati, afirmando que o seu país “está comprometido, como sempre esteve, com as resoluções internacionais” sobre este conflito
As autoridades israelitas ainda não se pronunciaram sobre este ataque em Beirute.
O número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto hoje num ataque israelita nos subúrbios de Beirute, revelou o movimento islamita palestiniano no seu canal oficial, Al-Aqsa TV.
De acordo com um responsável das autoridades de segurança libanesas citado pela agência France-Presse, al-Arouri foi morto juntamente com os seus guarda-costas num ataque israelita que teve como alvo o escritório do Hamas nos subúrbios sul da capital libanesa, reduto do Hezbollah.
A Agência Nacional de Notícias estatal do Líbano informou por sua vez que a explosão resultante de um ‘drone’ israelita matou seis pessoas.
Al-Arouri era um dos fundadores da ala militar do Hamas e chefiou a presença do grupo palestiniano na Cisjordânia.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou matá-lo antes mesmo da atual guerra contra o Hamas.
No Líbano desde 2018, al-Arouri esteve detido em prisões israelitas durante 12 anos antes de ser libertado em 2010 e são-lhes atribuídos vários ataques contra Israel a partir de solo libanês.
Mais recentemente, foi um dos principais negociadores do Hamas na libertação dos reféns feitos pelo seu grupo no ataque contra Israel em 07 de outubro.
Há um mês, em declarações à rede televisiva Al Jazeera, afirmou que os restantes prisioneiros eram soldados ou antigos soldados e que não seriam libertados até que Israel terminasse os seus ataques na Faixa de Gaza.
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado após um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de outubro do ano passado, massacrando 1.140 pessoas, na maioria civis e incluindo cerca de 400 militares, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local, já foram mortas mais de 22.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas mais de 57 mil, na maioria civis.
A maioria das infraestruturas do território está destruída e cerca de 1,9 milhões de pessoas, de acordo com a ONU, estão deslocadas, enfrentando uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde o início da guerra, os combates só foram interrompidos durante uma semana – entre 24 e 30 de novembro – numa trégua mediada pelo Qatar, Egito e Estados Unidos, que incluiu a libertação de 105 reféns detidos pelo Hamas em troca de 240 prisioneiros palestinianos e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
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By Impala News / Lusa
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