Banco de Moçambique admite que primeiro trimestre está “quase perdido”
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, admitiu que o primeiro trimestre está “quase perdido” em termos de crescimento económico, devido à agitação social pós-eleitoral que prevalece, antevendo crescimento modesto para 2025
“Na nossa previsão, o primeiro trimestre seria (…) quase perdido, digamos, no sentido de que tivemos uma situação muito difícil”, apontou Zandamela, acrescentando que “na melhor das hipóteses” Moçambique deve registar um “crescimento zero ou provavelmente negativo” até março.
“Mas, a partir do segundo trimestre, a nossa expectativa é que a economia comece a crescer e no ano como um todo é nossa previsão, nosso entendimento, de um crescimento modesto”, reconhece o governador do banco central, embora sublinhando que o desempenho está dependente da implementação de reformas estruturais no país.
O governador falava após a reunião do Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, que na segunda-feira decidiu uma nova descida da taxa de juro de política monetária MIMO, de 12,75%, em vigor desde final de novembro, para 12,25%, cortando igualmente nos coeficientes de reservas obrigatórias.
“Esta decisão decorre da manutenção das perspetivas da inflação em um dígito, no médio prazo, não obstante o aumento dos riscos e incertezas associados às projeções, com destaque para os decorrentes da tensão pós-eleitoral, o risco fiscal e os choques climáticos”, refere-se no comunicado final da reunião CPMO, em Maputo, que se realiza a cada dois meses.
“Adicionalmente, o CPMO decidiu reduzir os coeficientes de reservas obrigatórias para os passivos em moeda nacional, de 39,0% para 29,0%, e em moeda estrangeira, de 39,50% para 29,50%, visando disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços”, refere-se igualmente no comunicado da reunião.
A próxima reunião do Comité está agendada para 26 de março.
Há meses que os empresários moçambicanos pediam a redução das reservas, alegando que a reduzida disponibilidade de divisas cria constrangimentos nas importações.
No comunicado acrescenta-se que as perspetivas da inflação “mantêm-se em um dígito no médio prazo”, recordando-se que em dezembro a “inflação anual aumentou para 4,15%, depois de 2,84% em novembro”, refletindo “a redução da oferta de bens e serviços decorrente da tensão pós-eleitoral”.
“A inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens com preços administrados, também aumentou. A manutenção das perspetivas da inflação em um dígito, no médio prazo, reflete, essencialmente, a estabilidade do metical e o impacto das medidas tomadas pelo CPMO”, lê-se ainda.
O comunicado destaca como fatores de aumento da inflação, a médio prazo, a tensão pós-eleitoral, os choques climáticos e o agravamento da pressão sobre a despesa pública, num contexto de reduzida capacidade de financiamento.
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By Impala News / Lusa
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