BE acusa Governo de adotar bandeiras do Chega na imigração e alerta para retrocesso
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, acusou hoje o Governo de promover um “retrocesso de décadas” na imigração com medidas já tentadas e que foram “um desastre”, considerando que o Executivo adotou `bandeiras´ do Chega.
“Eu gostaria de lhe citar uma frase. E a frase é a seguinte: ‘Quem quer vir a Portugal legalmente, pode vir. Vai aos consulados, pede autorização, e depois Portugal, de acordo com a conjuntura e com os seus interesses, decide se dá ou não dá autorização.’ Não foi o ministro Leitão Amaro que disse isto. Foi Dias Loureiro, em 1993”, afirmou Mariana Mortágua, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no parlamento.
A coordenadora do BE perguntou a Luís Montenegro se considera que a Expo 98 e os estádios de futebol, a Ponte Vasco da Gama ou o metro do Porto foram construídos por imigrantes que chegaram a Portugal “através de consulados”.
“Não foram. Essa política foi tentada e foi um desastre. Os consulados foram afundados em filas e em máfias. E os imigrantes chegavam a Portugal clandestinos”, alertou a bloquista, que acrescentou que alguns destes imigrantes eram ucranianos — país agora apoiado por Portugal devido à invasão russa.
Para Mariana Mortágua, “importa pouco” se o primeiro-ministro afirma que “não negoceia com políticos racistas e xenófobos” se depois vai “adotar as bandeiras do Chega, nomeadamente quanto à imigração”.
Na opinião da líder bloquista, o Governo “aproveitou o caos que o PS deixou nos serviços da AIMA [Agência para a Integração Migrações e Asilo] para mudar a lei e fechar a única porta que existia para a regularização de imigrantes que venham a entrar em Portugal”.
Na resposta, o primeiro-ministro rejeitou ter aderido a qualquer bandeira do Chega nesta matéria e defendeu o plano apresentado pelo Governo este mês, que entre outras medidas pôs fim ao regime excecional que permitia a um estrangeiro entrar em Portugal e só depois pedir autorização de residência e critou uma estrutura de missão para regularizar processos pendentes, estimados em 400 mil.
Montenegro afirmou que o Governo prioriza a regularização destes 400 mil imigrantes e salientou que, no que toca a cidadãos estrangeiros provenientes de países que falam português, o executivo “manteve as regras que são mais capazes de se preencherem do que nas outras situações”.
“Entendemos que essa política, que já agora até gera algumas dúvidas e resistências à escala europeia, deve manter-se e nós assumimos essa manutenção”, defendeu.
O primeiro-ministro acusou o BE de querer uma política de “portas escancaradas”.
“Nós temos interesse em ter uma imigração regulada, é isso que estamos a fazer, com equilíbrio, que não fecha porta a ninguém, mas que dê condições de base e de partida que garantam às pessoas que não vão ficar na situação de miséria humana em que infelizmente algumas se encontram hoje em Portugal”, disse.
ARL // SF
By Impala News / Lusa
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