BE considera privatização da TAP errada e defende afastamento de Pinto Luz
A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou hoje que a privatização da TAP é errada e não serve o país e que o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, “tem de ser afastado” da gestão desse `dossiê´.
“Não estão aqui em causa mais esclarecimentos. Houve uma comissão de inquérito que o Bloco de Esquerda propôs e que concluiu, há relatórios, há pareceres e há o relatório da Inspeção-Geral das Finanças (IGF). O que é preciso é assumir responsabilidades e assumir responsabilidades quer dizer que o responsável pela privatização nessa altura (…) tem que ser afastado da privatização e da gestão da TAP”, afirmou Mariana Mortágua aos jornalistas, no final de uma reunião com a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), no Porto.
Referindo-se a Miguel Pinto Luz, que atualmente assume o Ministério das Infraestruturas e da Habitação e que, aquando do processo de privatização em 2015 era secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, a bloquista disse que o governante é um “ativo tóxico” no Governo, sendo “essa a conclusão política de que está à espera que seja retirada”.
Insistindo na ideia de que a privatização da TAP é “errada e não serve o país”, Mariana Mortágua questionou quantas tentativas de privatização terão de haver para se perceber que a transportadora aérea “está bem é no Estado e nas mãos do povo português”, sobretudo quando está a dar lucros.
A coordenadora do BE disse que a privatização está a ser feita e gerida por um ministro que, no passado, esteve envolvido num “negócio que enganou o país”.
“Ano após ano é dito que temos que privatizar as nossas empresas porque vem aí um milionário estrangeiro que vem injetar dinheiro nas companhias e depois ficamos a perceber que, afinal, o milionário estrangeiro não gastou um cêntimo e ainda levou da TAP 50 milhões de euros pagos pelo Governo português”, destacou.
E acrescentou: “Portugal parece ser a vaca leiteira dos grupos internacionais e dos grandes milionários que aqui vêm enriquecer com o nosso património construído ao longo de anos de empenho do Estado, dos contribuintes e deste povo”.
O relatório da IGF conhecido esta semana sobre a TAP refere que a Atlantic Gateway, consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa, adquiriu 61% do capital da TAP, SGPS, “comprometendo-se a proceder à sua capitalização através de prestações suplementares de capital, das quais 226,75 milhões de dólares americanos (MUSD) foram efetuadas através da sócia DGN Corporation (DGN) com fundos obtidos da Airbus”.
Aquele montante de capitalização, acrescenta, “coincide com o valor da penalização (226,75 MUSD) assumida pela TAP, SA, em caso de incumprimento dos acordos de aquisição das 53 aeronaves (A320 e A330), o que evidencia uma possível relação de causalidade entre a aquisição das ações e a capitalização da TAP, SGPS e os contratos celebrados entre a TAP, SA e a Airbus”.
SVF (LT/JGO/FC/JE/ALN/SMA) // SF
By Impala News / Lusa
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