BE/Lisboa diz que suspensão de mandato de Diogo Moura é inevitável e peca por tardia

O Bloco de Esquerda (BE) considerou hoje que a suspensão do mandato do vereador da Cultura da Câmara de Lisboa, Diogo Moura, suspeito do crime de fraude em eleições internas do CDS-PP, era “inevitável” e “peca por tardio”.

BE/Lisboa diz que suspensão de mandato de Diogo Moura é inevitável e peca por tardia

Numa declaração escrita enviada à agência Lusa no domingo, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), anunciou que o vereador da Cultura, Diogo Moura, tinha suspendido o mandato a seu pedido, na sequência da acusação do Ministério Público (MP) sobre fraude em eleições internas do CDS-PP.

O autarca social-democrata explica que “apesar das alegações que lhe são imputadas [a Diogo Moura] não se reportarem ao mandando enquanto vereador”, considera “não haver condições para o vereador continuar a desenvolver o seu trabalho em prol dos lisboetas”.

Diogo Moura (CDS-PP) foi acusado pelo MP de crimes de fraude em duas eleições internas dos democratas-cristãos.

Na sequência desta acusação tanto o Bloco de Esquerda como PS já tinham defendido na sexta-feira que Diogo Moura não tinha condições para continuar e que o presidente Carlos Moedas deveria “ser coerente” com declarações que já tinha proferido sobre autarcas suspeitos de crimes.

Numa reação a este pedido de suspensão do cargo, fonte do Bloco de Esquerda de Lisboa considerou que esta decisão “era inevitável” e que “peca por tardio”.

“A situação era particularmente grave porque estamos a falar de uma pessoa que foi acusada pelo Ministério Público. Desde a primeira hora que o Bloco de Esquerda exigiu a Carlos Moedas uma clarificação sobre a sua posição. Só depois de a oposição pedir esse esclarecimento é que se mobiliza a fazê-lo, quando o podia ter feito imediatamente”, sublinham.

Nesse sentido, para a estrutura concelhia bloquista cabe agora à justiça aferir a responsabilidade do também vice-presidente do CDS-PP relativamente aos crimes que lhe são imputados.

“O Bloco de Esquerda não trata as questões da justiça, ou seja o processo decorrerá em tribunal de forma normal. O que dizemos é que Carlos Moedas indicou que nunca trabalharia com ninguém suspeito da prática de um crime”, insistiram.

O Ministério Público acusou Diogo Moura, que é também vice-presidente do CDS-PP, de “dois crimes de fraude em eleições, agravados” por ter alegadamente procurado manipular os votos de militantes em dois atos eleitorais (2019 e 2021), segundo noticiou na quinta-feira a CNN Portugal.

De acordo com aquele canal de televisão, Diogo Moura “sabia que uma secretária da distrital de Lisboa estava na mesa de voto e enviou-lhe várias mensagens a pedir que introduzisse nas urnas votos de militantes que não se apresentassem na mesa de voto”.

No entanto, de acordo com a CNN Portugal, “a secretária da distrital nunca acedeu aos pedidos” e o caso acabou por ser denunciado e investigado pela PSP, tendo o autarca centrista sido agora acusado formalmente pela 4.ª secção do DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Lisboa.

Numa nota escrita enviada à Lusa no domingo, Diogo Moura afirmou que “a natureza do processo” em que é acusado de fraude em eleições internas daquele partido “é a de um ataque pessoal sem fundamento”.

O autarca centrista ressalvou que este processo “nada tem a ver” com as suas funções de vereador, nem com decisões camarárias”.

Diogo Moura alega estar “absolutamente inocente” e garante que irá prová-lo.

Além do Bloco de Esquerda também o PS de Lisboa tinha defendido que Diogo Moura não tinha condições para se manter como autarca em Lisboa.

O executivo da Câmara de Lisboa, que é composto por 17 membros, integra sete eleitos da coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) — que são os únicos com pelouros atribuídos e que governam sem maioria absoluta –, três do PS, dois do PCP, três do Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), um do Livre e um do BE.

FAC (JRS) // MCL

By Impala News / Lusa

Impala Instagram


RELACIONADOS