Candidatura de Édouard Philippe à presidência francesa recebida com críticas

O anúncio da candidatura do ex-primeiro-ministro francês Édouard Philippe às eleições presidenciais de 2027 desencadeou críticas de vários quadrantes políticos, numa altura em que o país aguarda a nomeação de um primeiro-ministro.

Candidatura de Édouard Philippe à presidência francesa recebida com críticas

Édouard Philippe, de 53 anos e primeiro-ministro de Emmanuel Macron entre maio de 2017 e julho de 2020, confirmou na terça-feira a possibilidade da sua candidatura presidencial, que era quase dada como certa na política francesa desde a sua saída do Governo após os primeiros meses da pandemia de covid-19.

“Os franceses vão decidir”, afirmou Philippe numa entrevista publicada pelo semanário Le Point, em que adianta estar preparado para a eventualidade de uma demissão de Macron, perante o atual impasse institucional no país.

O presidente da Câmara do Havre (no norte) e presidente do Horizontes – partido que faz parte da aliança de centro macronista – garantiu que já está a preparar as suas propostas eleitorais e que o que terá de propor “será enorme”.

Enquanto antigo chefe de governo definiu-se como um homem de direita, entrando para o macronismo vindo do partido conservador Republicanos, mas garantiu que não pensa em termos de “rótulos”.

“Se te sentires aprisionado pelo teu rótulo, não vais muito longe”, afirmou.

Da esquerda à direita, as declarações de Philippe foram geralmente entendidas como mal calculadas e negativas para Macron.

“Não é o momento certo, (…) 2027 não é a preocupação dos franceses quando não temos primeiro-ministro, nem governo, nem orçamento, nem maioria na Assembleia”, disse hoje o senador republicano Bruno Retailleau ao canal de televisão BFMTV, referindo que as próximas presidenciais marcam o fim do ‘macronismo’.

O primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, afirmou no canal TF1 que “ver que é um antigo primeiro-ministro de Emmanuel Macron que põe em causa o Presidente da República e que considera que ‘o macronismo acabou’ diz qualquer coisa sobre este período”.

“Édouard Philippe declara a sua candidatura às eleições presidenciais para apanhar [Gabriel] Attal (primeiro-ministro demissionário), ele próprio numa guerra latente com Macron”, escreveu o deputado do LFI Antoine Léaument na rede social X, acrescentando que “a França é um grande país, não um casino” e que a política não é um jogo.

Édouard Philippe é “o modelo de uma tecnocracia arrogante que não ouve o povo”, descreveu Éric Ciotti, conservador aliado do partido de extrema-direita União Nacional (RN), no canal France 2.

Anne Le Hénanff, deputada do Horizontes afirmou não ter “interesse no anúncio: “A minha prioridade é um governo e as decisões importantes”.

Já para o presidente da Câmara de Saint-Germain-en-Laye e representante do Horizontes, Arnaud Péricard, “a declaração de candidatura de Edouard Philippe não é uma novidade”, mas “uma clarificação bem-vinda no espesso nevoeiro político” que os franceses vivem atualmente.

O anúncio de Philippe surge numa altura de incerteza política em França, exacerbada pela ausência de um novo governo desde as eleições legislativas antecipadas de 07 de julho, que deixaram uma Assembleia Nacional profundamente dividida.

Enquanto se espera que Macron decida quem vai nomear como primeiro-ministro, Philippe garantiu que a força política que fundou em 2021 está disposta a apoiar candidatos de áreas políticas que vão “da direita conservadora à social-democracia”.

Édouard Philippe considerou também que a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que reivindica a capacidade de governar apenas com uma pequena maioria relativa, está muito mais limitada na obtenção de pactos do que o centro.

“A direita deve envolver-se”, apelou Édouard Philippe, referindo que se os seus antigos colegas de partido não se comprometerem com o centro macronista, “isso precipita tudo para a esquerda”.

É esperado que também a líder da União Nacional (RN, na sigla em francês), Marine Le Pen, se candidate às próximas eleições presidenciais de 2027, quando termina o segundo mandato de cinco anos de Macron.

 

MYCO // PDF

By Impala News / Lusa

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