CDU critica incoerências do PS sobre regulamentação da prostituição

A eurodeputada do PCP Sandra Pereira criticou hoje a incoerência do PS sobre a regulamentação da prostituição, antes de o cabeça de lista da CDU às Europeias, João Oliveira, ter criticado “as hipocrisias” dos partidos sobre direitos das mulheres.

CDU critica incoerências do PS sobre regulamentação da prostituição

No final de um almoço com mulheres na Casa do Alentejo, em Lisboa, a eurodeputada do PCP Sandra Pereira, que integra as listas da CDU para as europeias como “número dois”, salientou que a coligação “tem um historial de intervenção contra conceções obscurantistas sobre as mulheres” e na “luta pela consagração dos seus direitos nas leis e pela sua concretização na vida de todos os dias”.

Num balanço do trabalho que os dois eurodeputados do PCP fizeram no Parlamento Europeu, Sandra Pereira destacou em particular o facto de terem tido “intervenção direta” no relatório sobre a regulamentação da prostituição na União Europeia (UE), aprovado no Parlamento Europeu em setembro de 2023, e que “rejeita a prostituição como uma saída profissional e condena a criminalização e estigmatização das mulheres” nessa situação.

Foi por iniciativa do PCP, disse Sandra Pereira, que esse relatório passou a contemplar “a necessidade de adoção de medidas de prevenção das causas económicas, sociais e culturais, que empurram as mulheres para a prostituição” e também “a adoção de programas de saída” dessa vida.

“Foi um relatório muito importante, com negociações muito difíceis (…) e que também serviu para ver a incoerência de alguns partidos, como o PS, que no Parlamento Europeu defende a não regulamentação [da prostituição], mas cá defende o seu contrário”, criticou.

Sandra Pereira salientou ainda que, entre os 21 eurodeputados portugueses, os dois do PCP foram “os únicos” que, aquando da discussão da diretiva sobre o princípio da igualdade de remuneração por trabalho igual ou de valor igual entre homens e mulheres, apontaram “a hipocrisia de até ser aceitável uma desigualdade remuneratória média injustificada de 5%”.

A também candidata salientou também que, no Parlamento Europeu, os dois deputados do PCP “exigiram o combate a toda a forma de violência laboral, sexual, doméstica, no namoro, ”online’, na prostituição”, mas também “em contexto de guerra, particularmente nos últimos meses na Palestina”.

“E também aqui destacamos o papel das mulheres na defesa da paz, e permitam-me: as mulheres que defendem a guerra e a militarização não defendem os direitos das mulheres”, criticou, provocando um aplauso na sala.

Depois deste discurso, o cabeça de lista da CDU às europeias, João Oliveira defendeu que a luta pela igualdade das mulheres exige que o seu discurso “não seja apenas proclamação de circunstâncias ou discurso para engalanar a propaganda eleitoral”.

“Exige que, para lá do discurso que coloca a igualdade como objetivo da política pela qual se está lutar, que a bota bata com a perdigota, que o que se diz bate certo com o que se faz, que o que se proclama bate certo com a opção que se toma, que o que neste momento de campanha eleitoral se anuncia, bate certo com o que se acabou de fazer”, disse.

Neste ponto, João Oliveira defendeu que é preciso fazer um “teste de algodão” para perceber que partidos defenderam os direitos das mulheres no Parlamento Europeu, salientando que a União Europeia (UE) está a impor políticas que “fragilizam os direitos de quem trabalha” e “impõe a destruição dos serviços públicos”, o que contribui “para a negação dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”.

“Ora, o que isto significa é que, quem no Parlamento Europeu, acompanha e é cúmplice dessas orientações, tem de ser desmascarado na hipocrisia do discurso que faz agora aqui de preocupação dos direitos e a situação das mulheres, e até arvorando-se em protagonista dessa luta pelos direitos das mulheres, (…) e no Parlamento Europeu aceitaram todas essas políticas”, criticou.

TA // JPS

By Impala News / Lusa

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