Centenas de pessoas assinalam Dia da Terra dos Palestinianos com protesto em Lisboa
Várias centenas de pessoas manifestaram-se hoje em Lisboa para assinalar o Dia da Terra dos Palestinianos e exigir o cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e o reconhecimento do Estado da Palestina.

“Estamos aqui para nos lembrarmos, de novo, daquele dia, para nos lembrarmos dos jovens que foram mortos naquele dia”, explicou a investigadora luso-palestiniana Dima Mohammed.
O Dia da Terra dos Palestinianos assinala a morte, em 1976, de seis árabes israelitas durante manifestações contra a confiscação de terras por Israel.
“Há décadas que o povo palestiniano está a resistir à confiscação da terra, a um projeto de colonização sionista que tem como objetivo expulsar o povo palestiniano”, acrescentou a investigadora perante centenas de manifestantes.
O jardim do Campo das Cebolas foi o último ponto da manifestação, que percorreu, durante cerca de uma hora, as ruas da capital desde a Praça do Martim Moniz.
“Israel é culpado por um povo massacrado”, “Israel é violência, Palestina é resistência” ou “Paz no médio oriente, Palestina independente” foram algumas das palavras de ordem ouvidas durante a marcha.
Com bandeiras da Palestina e cartazes empunhados, ou com o ‘keffiyeh’ ao pescoço (o lenço tradicional em vários países do Médio Oriente que se tornou símbolo da luta palestiniana), repetiam-se os apelos à paz, ao cessar-fogo e ao reconhecimento do Estado da Palestina.
“Sentimo-nos muitas vezes sem poder para fazer seja o que for, mas, nem que seja para mostrar que ainda estamos cá, ainda pensamos na causa e ainda acreditamos que se possa fazer alguma coisa, vimos”, disse à Lusa Ana Campos.
Já sentada no relvado do Campo das Cebolas com os filhos, a participante considerou importante explicar-lhes que “há crianças como eles no outro lado do mundo que não têm a mesma sorte de viverem em segurança”.
Os seus filhos não eram as únicas crianças na manifestação, que foi também um encontro de gerações, com pessoas de todas as idades.
Com 80 anos, Antonieta fez todo o percurso da marcha para manifestar a sua solidariedade com o povo palestiniano.
“O Governo português havia de ser um pai justo e falar realmente a favor daqueles que estão a ser vítimas da brutal força fascista que se está a bater sobre [os palestinianos]”, criticou.
Em 07 de outubro de 2023, o grupo islamita Hamas lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007, marcando a escalada de um conflito de várias décadas e que, no último ano e meio, provocou dezenas de milhares de mortos, sobretudo na Faixa de Gaza, segundo balanços das forças palestinianas.
“O conflito continua, o genocídio continua e é preciso travá-lo de uma vez por todas”, defendeu o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que se juntou ao protesto.
Em declarações aos jornalistas, o líder comunista defendeu que não existem motivos para que o Governo ainda não tenha reconhecido o Estado da Palestina e considerou “no mínimo embaraçoso para o Estado português sujeitar-se a ser um dos últimos da lista a tomar a decisão que se impõe”.
Também o líder parlamentar do BE, que representou o partido no início da marcha, defendeu uma mudança de posição de Portugal, que quer que aja junto da União Europeia, por exemplo, no que diz respeito ao cumprimento do mandato de captura do primeiro-ministro israelita emitido pelo Tribunal Penal Internacional.
“Portugal tem um papel na afirmação da justiça internacional. Esperamos que o Governo português esteja à altura da sua tradição de defesa dos direitos humanos e apresente o seu protesto junto das autoridades húngaras, que já disseram que vão desrespeitar o mandato de captura”, disse Fabian Figueiredo, a propósito da visita de Benjamim Netanyahu à Hungria na próxima semana.
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By Impala News / Lusa
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