Corrida ao iodo para proteger da radiação faz sentido?
A procura por comprimidos de iodo para proteger de radiação disparou por toda a Europa e fenómeno já chegou a Portugal.
A procura por comprimidos de iodo para proteger de radiação disparou por toda a Europa, depois de começarem a surgir ameaças de uma explosão nuclear face à invasão russa à Ucrânia. O suplemento terá sido usado após o acidente de Chernobyl, em 1986, e acredita-se que pode proteger a tiroide em situações de desastre nuclear. A procura aumentou substancialmente nos últimos dias após Vladimir Putin ter pedido às forças de dissuasão nuclear russas que ficassem em alerta máximo. Desde então, vários países têm relatado uma corrida aos comprimidos de iodo, havendo já ruturas de stock. Esta procura também já começou a ser sentida em Portugal.
A Sociedade Portuguesa Medicina de Urgência e Emergência (SPMUE), através das redes sociais, manifestou preocupação e deixou um alerta aos médicos de família: “Nos próximos dias serão bombardeados com perguntas sobre o uso preventivo de KI (Iodeto de Potássio) para Acidentes Radiológicos”. Além disso, a SPMUE sublinhou ainda que já existe “publicidade enganosa com doses homeopáticas” e deixa orientações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças acerca dos riscos de exposição a radiação e as dosagens indicadas neste tipo de situação. As orientações apontam para dosagens que vão de 16 mg até aos 18 anos e 130 mg em adultos – dosagens que não constam nos suplementos e comprimidos comercializados em Portugal.
Medicamentos são «completamente ineficazes»
Félix Carvalho, presidente da secção Norte da Ordem dos Farmacêuticos explica que “estes medicamentos são completamente ineficazes porque não têm uma dosagem suficiente para prevenir riscos de exposição à radioatividade”, refere em declarações ao Jornal de Notícias. Estudos indicam que o iodeto de potássio previne a acumulação de iodo-131 na tiroide. Contudo, não tem efeito protetor face a outros elementos radioativos que podem ser libertados caso ocorra um desastre nuclear, como o urânio-235, plutónio-239 ou césio-137. Além disso, o iodo, em grávidas, pessoas com hipersensibilidade ao iodo e problemas renais não devem tomar suplementos de iodo já que pode ter efeitos secundários e gerar outros problemas de saúde.
Imagem: Shutterstock
LEIA AINDA
Fique a saber o que aconteceria ao mundo com a explosão de todas as bombas nucleares
Siga a Impala no Instagram