António Costa avisa deputados PS que vão levar pancada
O secretário-geral do PS avisa os seus deputados que, em maioria absoluta, vão levar pancada à sua esquerda e direita, e incentiva-os a exercerem sem complexos a maioria parlamentar.
O secretário-geral do PS avisou hoje os seus deputados que, em maioria absoluta, vão levar pancada à sua esquerda e direita, recomendou-lhes o princípio do diálogo, mas, sobretudo, incentivou-os a exercerem sem complexos a maioria parlamentar. Estes recados foram transmitidos por António Costa na abertura da Jornadas Parlamentares do PS, que vão decorrer até terça-feira no distrito de Leiria, após intervenções do líder da bancada socialista, Eurico Brilhante Dias, de deputados do Partido Socialista do Luxemburgo e do presidente da Federação de Leiria do PS, Walter Chichorro.
Militar da GNR e funcionário de quiosque em Avis agredidos por indivíduos
Um militar da GNR de Avis (Portalegre) foi agredido, no sábado, quando tentou resolver desacatos, com outro guarda da patrulha, entre um grupo de indivíduos e o funcionário de um quiosque naquela localidade, disse hoje fonte policial (… continue a ler aqui)
O líder socialista começou por referir que os deputados que já estiveram no parlamento nas anteriores legislaturas, em que o PS governou com base na “geringonça” em situação de maioria relativa, tiveram a experiência de ser “tolerados” pelas bancadas à sua esquerda e de levar “pancada” das bancadas à sua direita. “Agora, com maioria absoluta, a verdadeira grande diferença é que se leva pancada de todos os lados. Mas a maioria absoluta não dura sempre e há um dia em que não levarão pancada de todos”, afirmou, aqui num registo de descontração, mas que não motivou qualquer reação da plateia de deputados do PS. Logo a seguir, no entanto, António Costa fez uma ressalva em relação ao que acabara de dizer e recebeu então palmas dos deputados do PS: “Há uma coisa que convém não ter a menor das dúvidas, porque é muito melhor ter maioria absoluta do que não ter maioria absoluta”.
“Agora, com maioria absoluta, a verdadeira grande diferença é que se leva pancada de todos os lados. Mas a maioria absoluta não dura sempre e há um dia em que não levarão pancada de todos”
Nesta parte do seu breve discurso, o secretário-geral do PS disse que os partidos da oposição procuram passar a ideia de que a maioria absoluta “foi uma medida decretada pelo Governo e não o produto aritmético da livre expressão do voto dos portugueses”. “Os portugueses não fizeram nenhuma reunião secreta no sábado à noite para combinarem entre eles como é que iam votar no domingo, votaram livremente e desse voto resultou que o PS teve maioria absoluta”, acentuou. Perante os deputados do PS, António Costa repetiu as ideias de que é importante que os portugueses se reconciliem com as maiorias absolutas – até para a estabilidade política em Portugal e para a consolidação das alternativas — e que os deputados socialistas adotem uma atitude de diálogo, mas com limites. “Abertura ao diálogo não significa trair a vontade dos portugueses de não assumirmos aquilo que somos, a maioria. Portanto, somos uma maioria de diálogo, mas não somos uma maioria envergonhada. Somos maioria porque os portugueses assim o quiseram. Devemos por isso exercer a maioria quando é necessário exercer e quando o diálogo não é mais possível”, frisou o secretário-geral do PS.
“Aquilo que distingue a democracia dos regimes não democráticos é que, de facto, a democracia é mesmo o regime do povo, pelo povo e para o povo”
No seu discurso, deixou mais um conselho aos seus deputados, dizendo que devem sempre estar atentos ao cidadão comum e menos à bolha mediática e aos comentadores. “Contra as expectativas das sondagens, contra as expectativas do que diziam os comentadores das sondagens e daquilo que diziam os que comentavam aquilo que diziam os interpretavam as sondagens — diziam que eu estava cansado e que as pessoas estavam fartas do PS -, ainda bem que nos concentrámos no mais importante, no cidadão comum”, declarou. Segundo António Costa, “gostem ou não gostem os comentadores, o cidadão é mesmo quem manda”. “Aquilo que distingue a democracia dos regimes não democráticos é que, de facto, a democracia é mesmo o regime do povo, pelo povo e para o povo. Não é o regime dos comentadores, para os comentadores e pelos comentadores”, reforçou.
Dirigindo-se novamente aos deputados, em jeito de conclusão, deixou-lhes esta recomendação: “Quando tiverem dúvidas sobre o que é certo fazer, ouçam todos com respeito e depois pensem pela vossa cabeça, e pensem o que o vosso vizinho ou a pessoa que esteve ao vosso lado na pastelaria pensam mesmo sobre o país”, acrescentou. No início da sua intervenção, António Costa referiu que o PS teve sempre no distrito de Leiria – um dos “cavaquistões” – resultados dez pontos percentuais abaixo da média nacional, mas venceu nas últimas eleições legislativas. “No território continental já ganhámos em todos os círculos eleitorais”, observou o líder socialista, assinalando, depois, que só falta ao PS triunfar na Região Autónoma da Madeira e que essa é a próxima tarefa partidária. Perante a ausência de reações na plateia após ter lançado o desafio, António Costa comentou com humor: “Não os vejo muito otimistas, sou otimista e digo-vos que não há pessimistas com boa saúde”.
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