Costa não aceita pedido de demissão de João Galamba

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje que não aceita o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas.

Costa não aceita pedido de demissão de João Galamba

“Trata-se de um gesto nobre que eu respeito, mas que em consciência não posso aceitar”, declarou António Costa aos jornalistas, na residência oficial de São Bento, em Lisboa. João Galamba, que continua ministro das Infraestruturas, tinha apresentado hoje a demissão ao primeiro-ministro, António Costa, “em prol da necessária tranquilidade institucional”.

“Comunico que apresentei, agora mesmo, o meu pedido de demissão ao senhor primeiro-ministro. No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do Governo”, lê-se no comunicado enviado pelo Ministério de João Galamba.

Entre o pedido de demissão e a recusa do primeiro-ministro, o líder do PSD, Luís Montenegro, tinha considerado que a saída de Galamba “pelo próprio pé” revelava falta de liderança de Costa. Numa publicação na rede social Twitter, Montenegro reagiu, poucos minutos depois, ao pedido de demissão de João Galamba, que o ministro justificou “em prol da necessária tranquilidade institucional”. “A saída do ministro das Infraestruturas pelo próprio pé, depois das reuniões da manhã e da tarde não terem produzido esse resultado, diz muito sobre a liderança – ou a falta dela – do primeiro-ministro”, escreveu, apenas, o presidente do PSD.

Durante a tarde, o primeiro-ministro esteve reunido com o Presidente da República no Palácio de Belém, a quem solicitou uma audiência, depois de esta manhã ter recebido João Galamba em São Bento. Nas declarações que fez à RTP na segunda-feira à noite, António Costa afirmou logo aí que, no caso que envolve João Galamba e o ex-adjunto Frederico Pinheiro, demitido na quarta-feira, havia “outra dimensão, que não tem a ver com uma atuação individual e específica de ninguém”.

“Tem a ver com aquilo que tem de ser a atitude do Governo perante a governação e a atitude exemplar que tem de ter relativamente à credibilidade das instituições. E isso obviamente foi aqui afetado”, sustentou. Na segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, classificou como uma matéria sensível de Estado a troca de acusações entre João Galamba e o seu antigo adjunto Frederico Pinheiro.

Nos últimos dias, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a comentar factos relativo ao episódio de violência dentro do Ministério da Infraestruturas, sobre a intervenção do SIS neste caso e, ainda, no que se refere às contradições entre a versão de João Galamba e do seu ex-assessor, que acusa o ministro de ter tentado esconder documentos da Comissão de Inquérito da TAP.

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