CPLP destaca abolição da pena de morte embora não total nos 10 anos de adesão da Guiné Equatorial

O secretário-executivo da CPLP destacou hoje, dia em que a Guiné Equatorial celebra 10 anos como Estado-membro da organização, o passo dado pelo país de abolir a pena de morte em 2022, embora ainda não totalmente.

CPLP destaca abolição da pena de morte embora não total nos 10 anos de adesão da Guiné Equatorial

“Eu só posso referir-me aos compromissos que a Guiné Equatorial fez com a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] aquando da sua adesão, em 2014”, afirmou Zacarias da Costa, e neste contexto “é importante assinalar a abolição da pena de morte”.

Mas, admitiu, quando questionado sobre o assunto, que o processo legal para a abolição da pena de morte não está concluído. “Não é total, porque é preciso ainda fazer uma alteração à Constituição”, reconheceu, em declarações à Lusa a propósito dos 10 anos de adesão da Guiné Equatorial à CPLP.

Porém, fazer aquela alteração constitucional também “não é um grande problema”, porque, na Guiné Equatorial “não será necessário recorrer a um referendo”, basta que as duas Câmaras (Senado e Câmara dos Deputados) possam alterar a Constituição através de uma votação. E “o mais importante” é que a abolição da pena de morte já tenha sido consagrada no Código Penal.

A CPLP “está satisfeita” por o país ter dado aquele passo, adiantou.

Já em relação a relatos e acusações de organizações internacionais sobre violações de direitos humanos na Guiné Equatorial, Zacarias da Costa disse que “não compete à CPLP” pronunciar-se sobre isso.

“O mais importante é reforçarmos os mecanismos nacionais que existem”, de monitoramento das recomendações internacionais “por forma a que situações de violação de direitos humanos possam diminuir”, defendeu.

O secretário-executivo destacou “os esforços de capacitação desenvolvidos em todos os setores da atuação da CPLP, conducentes a maior integração [da Guiné Equatorial] nos trabalhos da organização”, nestes 10 anos.

Além dos esforços feitos pela Guiné Equatorial para tornar a língua portuguesa, já oficial no país, mais falada, citando como exemplo a inclusão do português como opção curricular, não apenas em estudos superiores e a emissão de programação em língua portuguesa na televisão pública do país.

Já sobre o que a Guiné Equatorial deu à CPLP nesta década como Estado-membro, o secretário-executivo disse que o país “teve um profundo impacto na história” da comunidade, porque “ampliou a sua configuração geográfica, ofereceu novos caminhos para a difusão da língua [portuguesa] e proporcionou renovadas perspetivas de relacionamento com um Estado que era observador associado há vários anos, abrindo novos caminhos para um reforço da cooperação e da concertação deste país com a CPLP”.

Além disso, frisou, reforçou a CPLP “enquanto organização internacional que prossegue o desenvolvimento e a prosperidade dos seus membros”.

Hoje, em Malabo, capital da Guiné Equatorial, celebram-se os 10 anos da adesão daquele Estado-membro, com uma sessão solene, que conta com as presenças e os discursos do Presidente do país, Obiang Nguema Mbasogo, e do seu homólogo de São Tomé e Príncipe, agora também presidente da CPLP, Carlos Vila Nova.

Na sessão, que decorre hoje de manhã, estarão presentes também os embaixadores representantes dos estados-membros junto da CPLP e, em representação do secretário executivo, o diretor-geral, Armindo Brito Fernandes.

De acordo com agenda das cerimónias, a Confederação Empresarial da CPLP apresentará os seus projetos na Guiné Equatorial e serão doados aos Ministérios da Educação e da Cultura os livros provenientes de uma campanha de recolha de livros em português que decorreu em Portugal.

A entrada da Guiné Equatorial, país falante de espanhol, como estado-membro foi aprovada na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP que decorreu em 23 de julho de 2014 em Díli, Timor-Leste.

Desde a sua independência de Espanha em 1968, a Guiné Equatorial é considerada pelas organizações de defesa dos direitos humanos como um dos países mais corruptos e repressivos do mundo.

Teodoro Obiang Nguema, de 82 anos, governa o país com “mão de ferro” desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macías num golpe de Estado, sendo o Presidente que está há mais tempo no poder no mundo.

ATR // VM

By Impala News / Lusa

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