“É com otimistas irritantes que o país foi sempre para a frente”
O secretário-geral do PS defendeu que “é com otimistas irritantes que o país foi sempre para a frente”, num discurso em que também considerou que “a política não pode ser um exercício de números mediáticos”
António Costa falava na segunda edição da Academia Socialista, que decorre até domingo em Évora, momento em que recuou à fundação do Partido Socialista (PS), há 50 anos, na Alemanha, lembrando os “mais jovens e mais velhos” que o fizeram numa altura em que ainda existia uma ditadura em Portugal.
O líder dos socialistas lembrou ainda “a ousadia” de um país “que, quando muitos ainda não tinham a certeza se a democracia ia sobreviver, e tinha a economia num estado inimaginável”, entregou a Bruxelas a carta a pedir a adesão à União Europeia – que viria a acontecer em 1985, com Mário Soares como chefe do executivo.
“E ainda bem que arriscaram, ainda bem que deram esse passo em frente, ainda bem que não foram velhos do Restelo, ainda bem que foram otimistas irritantes. Porque é com otimistas irritantes que o país foi sempre para a frente”, defendeu.
No início de um longo discurso, António Costa tinha começado por realçar os tempos de “grande incerteza” da atualidade, face à guerra e à crise inflacionista, sustentando que “quando há tempos de incerteza, o bem mais precioso é a certeza”, que resulta “da estabilidade e da previsibilidade das políticas”.
“E as pessoas sentirem que a vida política não é algo de artificial, mas que é algo de concreto, que tem a ver com a sua vida e com a construção do futuro do país”, acrescentou.
Para o secretário-geral do PS, “a política não pode ser um exercício de números mediáticos, mas tem que ser o que as pessoas de bom senso e com toda a razoabilidade sabem que a política é”.
Costa prosseguiu, dizendo que, de tempos a tempos, são realizadas no país eleições, “cada partido apresenta o seu programa, as pessoas ouvem e avaliam as diferentes propostas e votam, e esse voto sela um contrato”.
Esse contrato, para Costa, “é simples”: havendo um programa, quem recebeu essa responsabilidade tem que se “focar na execução” e depois “no final tem que ser devidamente avaliado se cumpriu ou não”.
“É evidente que em muitos sistemas de ensino há uma avaliação contínua, não vamos só a exame final, e portanto, ao longo do ano vamos sendo avaliados se estamos ou não a cumprir. Mas há uma noção que as pessoas têm e todos temos que ter: é que o contrato que os políticos celebram com os cidadãos nas eleições é mesmo um contrato que se têm que empenhar em cumprir, mesmo que seja mais difícil, mesmo que haja imprevistos, mesmo que haja sobressaltos”, vincou.
Num outro momento do seu discurso, o primeiro-ministro socialista disse também que “ninguém liga ao défice até ao dia em que o défice surge”. “Finanças públicas controladas é o que nos dá liberdade de fazer escolhas políticas”, realçou.
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