Egito declara mar Vermelho seguro e insta a circulação pelo Canal do Suez
O presidente da Autoridade do Canal do Suez, Osama Rabie, declarou hoje o mar Vermelho seguro e apelou às companhias de navegação para transitarem por aquela hidrovia egípcia.

Esta declaração do almirante Rabie surge depois de muitas companhias de navegação terem optado por outras rotas quando os rebeldes Huthis do Iémen iniciaram os seus ataques à navegação naquela zona, em novembro de 2023.
“Apelo a todos os embaixadores para que transmitam às suas companhias de navegação que o mar Vermelho é agora seguro. O último ataque dos Huthis foi no ano passado. Creio que não deve haver qualquer preocupação”, afirmou Rabie numa conferência realizada na sede da Autoridade do Canal do Suez, na cidade de Ismaília, no nordeste do Egito.
O evento comemorava o “Dia da Excelência” do canal e recordou as crises que se abateram sobre esta importante via marítima navegável por onde, antes da crise do mar Vermelho, transitava cerca de 12% do comércio mundial, 3,9 milhões de barris de petróleo por dia e mais 169 toneladas de cereais diárias.
Entre as crises “superadas” pela Autoridade, Rabie enumerou a pandemia de covid-19, o estrangulamento causado pelo navio porta-contentores Ever Given em 2021, a invasão russa da Ucrânia em 2022 e o seu impacto nos carregamentos de trigo, bem como os ataques dos Huthis e o consequente declínio do tráfego no Canal do Suez.
A instabilidade no mar Vermelho, uma das consequências da guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, iniciada em outubro de 2023, levou a uma redução de cerca de 50% no tráfego através da via navegável artificial, onde, segundo o almirante, passa atualmente uma média de 30 navios por dia, em contraste com mais de 70 antes da crise.
Muitas companhias de navegação optaram por contornar África, através do Cabo da Boa Esperança, mas o responsável salientou que, apesar de existirem outras rotas que ligam o Oriente ao Ocidente, “não há uma alternativa ao Canal do Suez”.
“Não vejo razão para se tomar a rota do Cabo da Boa Esperança, são horas extraordinárias, salários extra para os marinheiros, mais custos de combustível e mais emissões”, sustentou Rabie, assegurando que “a navegação através do Canal do Suez, apesar da crise, não parou um único dia”.
De acordo com o almirante egípcio, desde o início de fevereiro, um total de 264 navios alterou o seu rumo para regressar ao Canal do Suez, em vez de ir dar a volta ao Cabo da Boa Esperança.
Rabie congratulou-se também com uma “ligeira melhoria” nos indicadores de navegação durante o mês de março, em comparação com janeiro, uma vez que o número de navios que atravessaram o Suez aumentou 2,4%.
O canal alcançou a maior receita anual da sua história em 2023, com 10,35 mil milhões de dólares (9,09 mil milhões de euros) registados, um valor que se viu reduzido em 61% em 2024, ano em que a Autoridade arrecadou 3,99 mil milhões de dólares (3,51 mil milhões de euros).
Embora os Huthis tenham cessado os seus ataques à navegação com a entrada em vigor do cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza, no final de janeiro, voltaram a expressar a intenção de atacar todos os navios ligados ao país mediterrânico assim que Israel rompeu a trégua e recomeçou os ataques ao enclave palestiniano, em março.
Representantes de missões diplomáticas europeias, empresas internacionais e entidades reguladoras do tráfego marítimo participaram na conferência de hoje, na qual o primeiro-ministro egípcio, Mustafa Madbuli, também encorajou o investimento no Canal do Suez, depois de ter sublinhado a sua importância e segurança.
O chefe do executivo egípcio reuniu-se previamente com vários embaixadores estrangeiros, a quem garantiu que, “nos últimos meses, a segurança da navegação melhorou”, quando cessaram os ataques dos Huthis a navios comerciais.
ANC // SCA
By Impala News / Lusa
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