Entenda a tensão na Ucrânia: a crise à beira da catástrofe
ONU estima que que pelo menos 3,4 milhões de pessoas nas “áreas afetadas por conflitos” precisam de assistência humanitária – o equivalente a 8% da população total da Ucrânia.
Desde que, em 2014, a Rússia anexou as regiões da Ucrânia em 2014 Crimeia e Sebastopol, o conflito militar entre as autodeclaradas repúblicas de Donetsk e Luhansk, apoiadas pela Rússia, e o governo ucraniano manteve o leste do país em estado de crise. Esse ‘terreno’ foi batizado pelo departamento da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) – num relatório de fevereiro de 2021 – como “linha de contato”. Também “cortou redes de serviços e mercados anteriormente interdependentes e isolou as pessoas das cidades das quais dependiam para benefícios sociais e serviços essenciais”.
Em 2021, o OCHA estimou que 3,4 milhões de pessoas nas “áreas afetadas por conflitos” precisavam de assistência humanitária – representando 8% da população total da Ucrânia. Embora esta seja uma redução significativa em relação aos 5 milhões de 2015, a crise está longe de terminar. Com a crescente ameaça de uma invasão russa, o risco de se transformar numa catástrofe total nunca esteve tão próximo. Acredita-se que a Rússia tenha aumentado muito a presença militar na fronteira ucraniana nas últimas semanas, com tropas em níveis estimados em mais de 100 mil efetivos.
Se essa situação vai aumentar ainda não é absolutamente certo – nem até que ponto –, mas o presidente da Ucrânia, Zelenskiy, está ansioso para minimizar o risco imediato representado pelo crescente militar. “Estamos atentos. Percebemos bem o que está a acontecer, até porque vivemo-la há oito anos. A ameaça é constante. Não podemos afirmar que a guerra acontecerá amanhã ou até ao final de fevereiro. Mas sim, pode acontecer, infelizmente. E temos de medir o pulso à crise dia-a-dia.”
A Rússia continua a negar que planeia uma invasão, mas tem sido muito clara ao expressar a oposição direta do Kremlin a uma expansão da NATO para o leste – algo que a organização se recusou a descartar e a Ucrânia continua abertamente a aspirar. Os esforços diplomáticos até agora não conseguiram resolver a crise. Entretanto, os parceiros humanitários do OCHA “pretendem ajudar 1,8 milhão de pessoas (em 2022), com uma necessidade de financiamento de 166 milhões de euros”, com o objetivo de “salvar vidas, garantir o acesso a serviços básicos e fortalecer a proteção das pessoas afetadas pelo conflito e pela covid-19”.
Grafismo: Statista
Siga a Impala no Instagram