Eurodeputados rejeitam reeleição de Lukashenko como Presidente da Bielorrússia

Responsáveis do Parlamento Europeu rejeitaram hoje a reeleição de Alexander Lukashenko nas presidenciais da Bielorrússia, realizadas no domingo, umas eleições que classificaram de “fraudulentas” que “consolidam o governo ilegítimo do ditador”.

Eurodeputados rejeitam reeleição de Lukashenko como Presidente da Bielorrússia

“O regime de Lukashenko na Bielorrússia organizou outra chamada eleição presidencial. Como esperado, esse processo foi profundamente marcado por falhas e não atendeu aos padrões internacionais para eleições livres e justas”, consideram, em comunicado, o presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros, David McAllister (Partido Popular Europeu, Alemanha), e o presidente da Delegação para as Relações com a Bielorrússia, Malgorzata Gosiewska (Reformistas e Conservadores Europeus, Polónia).

Na nota informativa, os responsáveis afirmam que o regime “suprimiu sistematicamente a dissidência, excluiu as vozes da oposição e negou a muitos bielorrussos no exterior o direito de voto”.

“Esta eleição tinha apenas um propósito: consolidar o governo ilegítimo de Lukashenko”, criticam.

De acordo com as primeiras sondagens à boca das urnas, Lukashenko foi reeleito para um sétimo mandato na antiga república soviética, com 87,60% dos votos.

O Voto Contra Todos foi a segunda opção mais apoiada pelos bielorrussos nas urnas, com 5,1% dos votos, segundo o Comité das Organizações Juvenis, autor da sondagem.

O terceiro na corrida presidencial foi o comunista Sergei Sirankov, que apoiou abertamente a reeleição do líder bielorrusso e somou 2,7% dos votos.

Seguiram-se Oleg Gaidukevich, com 1,8%, a advogada Hanna Kanapatskaya, com 1,6%, e o republicano Alexandr Jizhniak, com 1,2%.

“O Parlamento Europeu continua a condenar as violações dos princípios democráticos e dos direitos humanos que ocorrem na Bielorrússia”, refere a nota assinada por McAllister e Gosiewska.

Os responsáveis instam a União Europeia (UE) a não reconhecer os resultados desta “chamada eleição”.

“A democracia não pode prosperar numa atmosfera de medo, repressão e silenciamento sistemático das vozes da oposição”, sublinham.

Para os eurodeputados, “o aprofundamento da aliança do regime de Lukashenko com a Rússia, incluindo a sua cumplicidade na guerra de agressão contra a Ucrânia, corroeu ainda mais a soberania bielorrussa e desestabilizou a região”.

Recordam ainda que os 27 Estados-membros do bloco europeu aplicaram sanções contra indivíduos e entidades ligados às práticas repressivas do regime.

“O apoio financeiro e político foi redirecionado para a sociedade civil e as forças democráticas bielorrussas. Os 140 milhões de euros atribuídos pela Comissão Europeia demonstram o empenho da UE em capacitar aqueles que trabalham em prol da mudança democrática e da responsabilização”, afirmam.

Os dois representantes manifestam igualmente a sua solidariedade com “a luta do povo da Bielorrússia pela democracia”.

“A resiliência da oposição democrática, liderada por Sviatlana Tshikhanouskaya, e a sua coragem diante da repressão são inspiradoras. Eles têm o nosso apoio enquanto procuram a liberdade, dignidade e o direito de determinar o destino do seu país”, referem.

A oposição no exílio, que não reconhece Lukashenko como legítimo Presidente, tinha pedido aos seus apoiantes para marcar “contra todos” nos boletins eleitorais, considerando-a a única forma possível de protesto pacífico.

As autoridades bielorrussas não instalaram assembleias de voto no estrangeiro, impedindo centenas de milhares de bielorrussos exilados após a repressão de 2020 de participarem nas eleições presidenciais.

A oposição no exílio considera que a sua líder, Sviatlana Tshikhanouskaya, que participou num protesto contra Lukashenko em Varsóvia, é a presidente legítima.

JH (ALU) // SCA

By Impala News / Lusa

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